20 de junho de 2008

(S)Em Preocupações (parte 2)

Telefonei ontem durante o dia a uma cliente, para combinar uma visita ao final da tarde. A resposta, por email:
"Só pode estar a brincar, ou então anda mUIIIIIITO distraido. Hoje há futebol e vou ter a casa cheia de malta para petiscar. Não há tempo para conversas."

Ora eu, de facto, não vivo esta preocupação do futebol.
Sendo a pepsicologia uma (alegada) ciência algo obscura, a autopepsicologia é-o ainda mais.
"Ninguém pode estar à janela e observar-se na rua." - Isto é verdade, claro, excepto se a rua estiver coberta por espelhos, o que é muito raro.

Mas introspectei por que razão estou eu tão pouco preocupado com o futebol.
A primeira revelação foi: "Porque eu sou como o Vítor Baía: não sou da selecção."

"Mas será isso razão suficiente?", autoquestionei. Decidi procurar mais dados.

De facto, vi ontem muita gente - como esta cliente acima referida - que, não fazendo parte da selecção, estava "em pulgas" com o jogo. Enquanto eu apanhava banhos de sol a semana passada, vi portugueses e portuguesas (ou portuguesas e portugueses, como dizem os políticos) privarem-se da praia para espreitarem uma televisão na esplanada, onde viam um jogo, e onde eu só via reflexos. E eles também não fazem parte da selecção.

De seguida, resolvi olhar para a selecção e suas preocupações.

Para Scolari, "pimbolim" diz-se "matraquilhos", "preocupação" diz-se "Chelsea".
Gilberto Madaíl estará preocupado com a sucessão de Scolari e, porventura, com a sua.
Deco foi a Barcelona tratar de assuntos pessoais (admito que para ele o seu futuro profissional seja um assunto pessoal. Para mim, seria).
Para Cristiano Ronaldo, a preocupação são as condições que o Man United, esse clube que o tem num regime de semi-escravatura, exige para o deixar ir para o Real de Madrid onde, aí sim, poderá passar a ter um ordenado de remediado.
Moutinho preocupa-se com quantos combóios partem para Barcelona.
Os jogadores do FCPorto, estarão preocupados com a ida-ou-não-ida à Champions.
Há também aqueles jogadores residuais, tipo Simão Sabrosa e Quaresma, que procuravam uma inspiração divina, de forma a conseguirem o seu bilhete para a "Europa dos Grandes".

No meio de todo este deboche, os jogadores lá vão assegurando, com um ar mais patético do que sério ou profissional, que "nada disto afecta a selecção". Yeah, right!

Ora o que é que eu concluo de tudo isto?
Se nenhum jogador da selecção está preocupado com a carreira da selecção, e todas as pessoas exteriores à selecção têm essa preocupação, então acho seguro concluir que EU SOU UM SELECCIONADO.

17 de junho de 2008

Quebrando promessas

Ao fim de três anos de governo, Sócrates parece estar finalmente a sair do estado de graça:
Começou com a contestação dos professores, alavancada depois pelos (ainda vão existindo) sindicatos.
É o aumento dos preços de bens de primeira necessidade e dos combustíveis.
É o desemprego, que não há forma de voltar aos valores "do antigamente".
É a crise a nível mundial, que arrasta Portugal para baixo.
A eleição de Manuela Ferreira Leite será para ele talvez um mal menor, mas ainda assim poderá fazer uma breve trégua no interior do PSD.
Pior, no plano político, a decapitação de parte do PS, pela mão de históricos como Manuel Alegre, e de zombies como Soares.
O estado de apatia que se previa durante o Euro, foi pelo menos no início contrariado pela greve dos armadores e dos camionistas.

Do ponto de vista do governo, a única boa notícia recente foi o desaparecimento de uma criança em Penafiel.

Ora, nestas condições, como é que uma pessoa consegue deixar de fumar?
Não está fácil, não!


Imagem dedicada ao "nosso" primeiro...