14 de fevereiro de 2009

Errar é humano

Há umas semanas, o Ricardo apareceu com umas borbulhas no corpo.
"Parece ser escarlatina. Mas talvez seja melhor ir ao médico."
No Hospital da Luz, a médica disse que:
"Isto é urticária, com 90% de certeza. Mas vamos fazer uma análise, para despistar a escarlatina". A análise veio confirmar - ao fim de meia hora de espera pelos resultados - e mais meia hora de espera pela médica - que não era escarlatina.
Passados uns dias, as borbulhas foram desaparecendo conforme nos tinham dito, mas começaram a aparecer manhas na pele. Fui com o Ricardo às urgências, de novo, onde foi vista por nova médica, que consultou a outra médica de serviço e acabou por confirmar o diagnóstico: Urticária. As lesões eram atípicas, isto é, o Ricardo estava com uma urticária atípica. Assim me disseram.
Foi para a escola, que de resto tem uma pediatra que lá vai uma vez por semana, com uma autorização escrita para ir à escola, visto a urticária não ser contagiosa.
Depois de mais uns dias sem evolução evidente, acabou por ir ao British Hospital. A médica que o viu, muito simpática, mandou fazer umas análises - para descobrir a causa da urticária.
Depois, ficámos de ir mostrar os resultados a uma 6a (!) médica, já que a médica que as prescreveu ia estar para fora.
A dita cuja médica viu as análises, e mandou fazer mais. "É uma urticária atípica", foi novamente o veredicto, "As análises são para tentar identificar a causa da urticária. Muitas vezes, não se chega sequer a identificar a causa. Mas de qualquer modo o Ricardo pode ir à escola, porque a urticária não é contagiosa."

Enquanto esperávamos pelos resultados destas novas análises... aconteceu o insólito... começaram a aparecer umas borbulhas... NA CAROLINA.

Desta vez, esquecemos as urgências e marcámos uma ida à pediatra. Entre o marcar e o ir, recebemos um telefonema a pedir para voltar ao laboratório - o Laboratório Joaquim Chaves, em Carnaxide - era preciso fazer uma terceira recolha de sangue, porque queriam repetir uma análise. Não chegámos a ir lá fazer essas análises.

A pediatra olhou para a Carolina, e disse: "Ela tem a chamada 5a doença. Então não se vê logo? Não sei como é que é possível confundir isto com urticária!"

Ora a 5a doença, ao contrário da urticária, é contagiosa. Pelo que percebi é qualquer coisa vagamente aparentada com o Sarampo. Durante duas semanas, o Ricardo devia ter ficado em casa e foi à escola.

Em democracia, como dizia o (alegadamente) co-autor do abéculas jose, a pediatra teria perdido. 6-1 é uma vitória esmagadora da urticária sobre a 5a doença.

Perguntam-me vocês, como me perguntei a mim próprio, porque é que acredito mais nessa versão do que na versão da urticária?
De facto, três razões.
- A urticária sempre foi identificada como atípica, o que me soa muito a "Isto não parece ser urticária, mas é urticária." Claro que isto foi sempre dito com muita convicção, pelo que na altura não questionei.
- A "urticária", objectivamente, foi passada pelo Ricardo à Carolina. Ora a urticária, típica ou atípica, é tão pouco contagiosa que levámos uma declaração para a escola, passada por um médico, com essa mesma indicação.
- O "voto vencido" é da pediatra dos miúdos, à qual não tínhamos recorrido razões de (pensávamos) conveniência. Existe, é evidente, alguma confiança relacionada com esse facto.

Constato portanto, e mais uma vez, que nos hospitais umas vezes somos atendidos por médicos, outras somos atendidos pelo homem do talho. Por singular coincidência, como diria Guterres, neste caso entram 7 médicas, todas do sexo feminino, portanto (ou porventura 1 médica e 6 mulheres do talho).

As tangas do Ricardo (72)

Hoje de manhã, pouco depois do pequeno-almoço, o Ricardo parou de brincar no chão da sala, deitou-se de costas e fechou os olhos.
"Ricardo, se estás com sono, vai-te deitar na tua cama..."
"Não estou com sono. Quando estamos a dormir crescemos, não é? Então, eu estou deitado porque quero crescer."