Marinho Pinto e Manuela Moura Guedes deram um espectáculo do que melhor sabem fazer - peixeirada - em directo na TVI, o canal mais próprio para o efeito. "Você devia ter vergonha", dizia Marinho Pinto sobre Manuela Moura Guedes e a sua forma de fazer jornalismo. Ora "você devia ter vergonha" é algo que não faz sentido dizer a alguém que está algures entre um pneu mal recauchutado e uma boneca insuflável.
Ora um peixeiro é um peixeiro, e uma peixeira é uma peixeira. Acho que há bem mais de que ter vergonha, nesta nossa terra. A começar pelo Primeiro-Ministro.
Sem surpresa, a Comissão Europeia vem por em causa o plano tecnológico, e diz que o processo do Magalhães não foi transparente - a empresa JP Sá Couto foi beneficiada, num processo em que foi feito um ajuste direito de grande escala - isto é, em que o Estado (ou melhor, o Governo) escolheu sem fazer concurso público.
Curiosamente, tinha estado a ler uma revista de revendedores de informática, a Channel, onde referem as vendas e as quotas de mercado de PCs e portáteis. Como evoluiu a JP Sá Couto, entre 2007 e 2008?
Em PCs de secretária, aumentou a sua quota de mercado de 7,8% para 10,3%. Era a empresa com a terceira maior quota de mercado, e manteve essa posição relativa. No último trimestre de 2008 a quota foi de 11,4%, face a uma quota de 10,2% no período homólogo do ano anterior. Uma excelente performance.
Mas então e o Magalhães? Vamos ao panorama dos portáteis.
Em 2007 a JP Sá Couto tinha uma quota de 1,6%, o que a colocava no 9º lugar do ranking, de resto praticamente com as mesmas unidades vendidas que o 10º lugar. Em 2008, aqui sim com o efeito Magalhães, passou para uma quota de 12%, no quarto lugar do ranking, muito próximo do terceiro. Considerando apenas dados do último trimestre destes anos, as coisas são ainda mais surpreendentes: a empresa passou directamente do 9º lugar, com 1,7% de quota, para o - pasme-se - 1º lugar, com 21,3% das vendas no quarto trimestre de 2008. À frente, pasme-se, de empresas como a HP, a Toshiba e a Asus.