7 de janeiro de 2006

Ninguém conhece Cavaco Silva!


Diz o Público de 31/12/2005 - sim, também só hoje o estou a ler! :-)
"Nós vamos para fora do país e perguntamos aos outros quem é que conhecem em Portugal. Eles respondem Eusébio, Ronaldo, Figo e Soares. Talvez se lembrem vagamente de Amália. Ninguém conhece Cavaco Silva. (Carlos Monjardino, O Independente, 30-12-2005)"

A malta que tanto se preocupa com a deslocalização de empresas e com a nossa subserviência em relação a Espanha e à Europa, vai lá fora para saber em quem votar nas presidenciais? Dizia-se que a diferença entre Deus e Soares era que Deus está em todo o lado, enquanto que Soares já esteve em todo o lado. As tartarugas das Seichelles devem lembrar-se bem de um senhor simpático, que as visitou com o seu séquito de quase duzentas pessoas, em vésperas do fim do segundo mandato. Desde aí, as relações comerciais, culturais e políticas entre estes dois estados irmãos (Portugal e Seichelles) floresceu. Talvez o MP3 queira agora fazer o mesmo em relação às Maldivas ou à Polinésia Francesa.

Bom, voltando ao comentário. A credível sondagem de popularidade que citei parece-me feita na República Dominicana, quiçá em Cuba.

Os estrangeiros, em média, sabem muito mais sobre Portugal do que nós dizemos. E porventura mais do que nós sabemos sobre os respectivos países. Quem me sabe dizer, sem pestanejar, quais os países banhados pelo Pacífico? Ou quais as três religiões preponderantes na Mongólia? Ou quais os estados que fazem fronteira com o Texas? E qual a distância entre Chicago e Nova Iorque?

Acho ofensiva para nós e para os estrangeiros em geral, a ideia de que estes acham que somos província de Espanha. E não queremos ofender os estrangeiros; afinal de contas, há quem condicione o voto nas presidenciais à opinião destes. E, assim, talvez dentro de uns anos estejamos a votar Cristiano Ronaldo para presidente!

Como eu fui esfaqueado em público


Cena 1 - Introdução
Fui recentemente persuadido a consultar um dermatologista, no sentido de averiguar se algum dos muitos sinais que tenho na pele seria dos tais nefastos, perigosos. Porque estas coisas, ao que parece, quanto mais cedo melhor, lá marquei eu consulta para um médico particular.

Cena 2 - O diagnóstico
Após verificação razoavelmente exaustiva, o médico indicou-me que havia um sinal nas costas que deveria ser retirado e analisado. Explicou que não é que fosse daqueles que era mesmo urgente, urgente tirar, mas que ele à vista desarmada tinha achado que era de tirar, e a máquina dizia que estava entre o sim e o não. Que eu não devia ficar preocupado, mas aquilo não custava nada e mais valia tirar do que deixar ficar.
Pareceu-me estranho o esforço de justificação por parte do médico, mas acatei. Saí da consulta e marquei para daí a 15 dias a intervenção.

Cena 3 - A dúvida
Fiquei de facto pouco convencido, e resolvi fazer uma pequena sondagem de opinião. Entre acusações (perfeitamente justas) de "maricas, estás é com medo" e outras do género, a minha dúvida não ficou apaziguada.
Recorri a um médico amigo, que tenho por muito competente, para me dar a desejada segunda opinião.
Ora o primeiro comentário dele foi: "pois, eu sei que os dermatologistas gostam muito de tirar sinais". Compreenderão que esta não é a minha principal motivação para tirar um sinal. Lá que ele goste, é com ele; a mim, não me apetecia nada!
Por se tratar de um sinal nas costas, não consegui dizer a este médico meu amigo qual era. De qualquer modo, fiquei convencido a tirá-lo, face à expectativa de que poderia haver algum sinal com tendência para dar para o torto, e sendo retirado ficava o caso resolvido.

Cena 4 - A facada nas costas
No dia combinado, dirigi-me ao Hospital para tirar então o referido sinal. Perante o grande aparato médico: "dispa-se, vista esta bata, coloque esta touca e deite-se na marquesa" eu, a medo (muito medo!), tratei de me deitar e preparar (sobretudo psicologicamente) para o que na verdade é uma microcirurgia muito simples.

Chegado à sala de operações, para meu grande espanto, pergunta-me o médico, olhando para as minhas costas: "Qual é que é o sinal que vem tirar?"

Fiquei sem saber o que responder. Disse-lhe que não fazia ideia: na altura o médico indicou-me, mas convenhamos que não é muito viável identificar um sinal que fica na parte de trás das costas...

Após um primeiro momento de impasse, breve, o médico lá indicou "É este; é este o sinal". Anestesia, bisturi, mais bisturi, pontos e penso. E está tirado o sinal, numa operação que se espera tenha sido ditada vagamente pela necessidade, não por qualquer outro critério.


Cena 5 - Epílogo
Passaram 3 semanas, e não me disseram mais nada. Supostamente, a haver "crise" teria sido contactado ao fim de duas, pelo que parece que a coisa não era dramática.
Médicos há-os bons e maus. Como em todas as outras profissões. Também os Clientes (neste caso eu) podem por vezes levantar testemunhos completamente injustos e infundados. Uma coisa, o médico conseguiu: que eu passasse o Natal e o Reveillon sem grandes preocupações...

Continuam os roubos no Metro


Retirei do Semanário Económico, 15/Dez/2005 - só hoje o li! :-)

"Défice crónico do Metro de Lisboa resulta, em parte, de um desajustamento tarifário que persiste por imperativo de uma política social definida pelo Governo" citação: Tribunal de Contas, "Diário de Notícias", 13/12/05

Vou ainda tentar averiguar, se me der para isso, o que é a outra "parte" que causa este défice, já que resulta em parte do tarifário, mas haverá outros aspectos.

Ora sucede que os preços dos bilhetes, de que me queixei recentemente, subiram de novo, agora para 6,50 EUR. Ora, um aumento de 20 cêntimos em 6,30 EUR dá, ora, bem... é fazer as contas.

A calculadora do Windows diz que dá um aumento de 3,2%.

Se eu fosse carteirista, passava a "trabalhar" com uma T-shirt com a inscrição: "A associação de carteiristas profissionais (ACP) adverte:
Guarde bem a sua carteira:
Cuidado com a Administração do Metropolitano"

Quanto a mim, desde miúdo que gosto do Metro. E gostava de continuar a gostar. Mas está cada vez mais difícil.

Mais valia darem àqueles senhores uma impressora laser de qualidade, e autorizarem que eles imprimissem as suas próprias notas. E criava-se o BSE, Banco Subterrâneo Europeu.

Obs: Curiosamente, por uma ironia não minha, mas do destino, teriam que partilhar a sigla com as vacas loucas...

6 de janeiro de 2006

Palavra de mosqueteiro!


Poucos meses antes de se candidatar à presidência, Soares afirmava publicamente que era impensável que viesse a candidatar-se. Isso, toda a gente ouviu e estranhou. Curiosamente, o mesmo Soares afirma que está a concorrer só por um mandato, para evitar o passeio triunfal de Cavaco. Devemos pois confiar no que Soares diz; ele manterá o que diz para daqui a 5 anos, ainda que não tenha mantido o que disse para daí a 5 meses.

As presidenciais são uma campanha à Monarquia!


Eleições presidenciais como estas, e com estes candidatos são, nas palavras de um amigo, a melhor campanha que se pode fazer à Monarquia. Hoje, em perspectiva, o D. Duarte Pio parece uma pessoa mais sensata e equilibrada do que muito do que por aí anda.

Presidente força Sócrates a travar Iberdrola na EDP



in Diário Económico, 6/Jan/2006:
Sampaio ao Diário Económico:

"Agi em conformidade com os poderes do presidente para defender o interesse nacional no médio e longo prazo."

Ora é sabido que o MP3 acha que as tesouras de Belém servem para cortar fitas, não para cortar diplomas do Governo (ainda que um senhor que era parecido com ele, só que 20 anos mais novo, o MP2, tenha usado bastante a tesoura para ambos os efeitos).

E, pergunto eu: O que fazer? Como deve um canhoto reagir? Aplaudir a decisão de Sampaio, ou rasgar as vestes em protesto pela intromissão na esfera de competências do Governo? Será que hoje à noite vou ouvir Soares a dizer que Sampaio não conhece a constituição, e que tem uma visão de Primeiro-Ministro? Ou o que é válido para Cavaco é diferente do que é válido para Sampaio?