18 de março de 2006

Pinguindows


O "The Economist" elaborou um relatório sobre projectos open source e o que determina o seu sucesso ou fracasso e conclui que é vital ter uma estrutura rígida, do tipo empresarial, como é o caso do Firefox, MySQL e Wikipedia (eu acrescento o OpenOffice), projectos cuja gestão é profissional e cuja liderança é efectiva. Quanto à aplicação da filosofia Open Source a projectos que não são de desenvolvimento, como é o caso da Wikipedia, a qualidade do produto depende de uma monitorização permantente. É colocada a questão: Pode o somatório dos contributos livres e individuais ser mais do que ruído e anarquia?

Sem postes

Este é meu post nº 100, segundo o Blogger, e regista uma dupla coincidência:

Incide sobre o Open Source, sendo a perspectiva sobre o mesmo crítica. Já diz a DECO que a crítica é uma oportunidade para melhorar, logo, é potencialmente útil. Desafio pois quem apoia o Open Source de forma incondicional a descobrir os "contras" e desafio quem o rejeita de forma incondicional a descobrir os seus prós. Há bastantes de um e de outro.

A segunda coincidência, mais relevante, é que o post foi escrito a Norte do Rio Douro, o que faz dele uma espécie de singela homenagem à boa gente do Norte.

Assim sendo, este vai assinado:

ABES raras

17 de março de 2006

Investidorês ou Linguagem de acções for dummies


"Subiu" e "desceu" descrevem bem as duas variações das acções na Bolsa. No entanto, os sinónimos usados são tantos que eu passei a ficar colado ao rádio a ouvir o fecho da bolsa, pese embora não tenha nenhuma acção. Na senda de serviço público que levou ao sucesso do artigo sobre as OPA, aqui vai um pequeno dicionário de sinónimos para o especulador, digo, investidor.

Para cima

Subiu, avançou, disparou, atingiu máximos, ganhou, corrigiu as perdas, valorizou, beneficiou de, progrediu.

Para baixo

Desceu, recuou, perdeu, corrigiu os ganhos, caiu, desvalorizou, prejudicada por, pressionada por, "os investidores aproveitaram para a tomada de maisvalias" e, o meu preferido, aliviou.

Questiono-me mesmo se uma acção que alivia perante o olhar atónito de um mercado de especuladores, digo, investidores, não deve ser multada ou pelo menos advertida, castigada, ostracizada, penalizada, repreendida, punida.

Cem comentários

Cem comentários

16 de março de 2006

OPAsquim


Segundo fonte que recusou identificar-se (na verdade, disse que só se identificava se eu apresentasse o meu boletim de saúde), a motivação por detrás da OPA do BCP terá sido que Pedro Abrunhosa ligou a Paulo Teixeira Pinto, de uma sucursal do BPI, e cantou-lhe que "Euuuuu... Estou aquiiii...."

Entretanto, Fernando Ulrich veio já desmentir que a possibilidade de uma contra-OPA resulte de José Mourinho ter olhado para uma folha com as cotações do BCP e ter gritado: "COMPRO!". Fernando Ulrich acabou por não confirmar nem negar os rumores de que o BPI terá pedido a José Mourinho um empréstimo para comprar o BCP, tendo apenas afirmado que "queremos manter todas as opções em aberto".

À hora de fecho da redacção, tivémos ainda a notícia, não confirmada, de que Paulo Teixeira Pinto terá afirmado que "Estou decidido a comprar um BPI, nem que seja outro qualquer".

14 de março de 2006


Abéculas desmente


que esteja a preparar uma OPA sobre O Abrupto.

OPA, lá-lá ou Takeovers for dummies



Com ar sério e erudito, comentadores políticos têm vindo à televisão dizer bujardas acerca da OPA sobre a PT e agora da OPA sobre o BPI. A coisa já é quase tão ridícula como as asneiras ditas sobre um ficheiro de Excel com filtros, no caso do envelope 9. Só que neste último caso estão em causa as chamadas feitas à custa do erário público (mas cuja informação não pode, de todo, chegar ao público que as pagou) enquanto que no caso das OPA a situação é mais relevante.
Vou pois prestar serviço público de excelência e esclarecer algumas ideias.

Os porcos e a hostilidade


Hoje fui comprar porcos. Perguntei quanto custavam, ofereci mais 20% do que o custo, e comprei-os todos. O dono da pocilga esfregou as mãos de contente. Vendeu-me os porcos e ofereceu-me o capataz, que eu despedi. O capataz, que tinha aconselhado o dono a não vender, até porque nos próximos anos os porcos iam trazer dividendos fabulosos, acusou-me de ter feito uma compra hostil.
Em vez de "porcos", leiam "acções". Em vez de "dono", leiam "accionistas" e, em vez de capataz, leiam "conselho de administração em funções".

Comprar pocilgas bem geridas


Outra das ideias é a de que o BPI é apetecível, porque está bem gerido e está a dar bom dinheiro. Confusão!
Se está a ser bem gerido, para quê alterar a gestão? Nesse caso, apenas interessa adquirir acções, e lucrar por via de dividendos ou de valorização do título. Ou, melhor ainda, fazer uma troca de acções (aquilo a que alguns chamam uma OPA amigável, porque no fim vão todos juntos para os copos).
A OPA é uma aquisição do controlo da empresa e, tipicamente (mas não necessariamente), implica mudar a administração. Ora, se a administração está a fazer um bom trabalho, para quê mudá-la?
Algumas razões são possíveis:
1. Apesar de tudo, achar que é possível ter uma administração que é ainda melhor (a EDP deu mil milhões de euros de lucros. Mas não poderia ter dado o dobro?).
2. Pretender alterar um equilíbrio de mercado ou tentar obter sinergias (ganhar economias de escala, por exemplo). Quando apenas se quer engordar o porco, ie, quando não há razões estratégicas para a aquisição, usam-se as sinergias como pretexto, nem sempre válido. No caso do BPI, Paulo Teixeira Pinto diz que há o objectivo de ganhar escala a nível internacional.
No caso da OPA sobre a PT, parece que ambas as justificações são válidas, do ponto de vista da Sonae.

OPA como forma de aumento da concorrência


Se havia três pocilgas a vender porcos e passa a haver duas, será que há mais concorrência? Hello!!! Anybody home??

Empresa pouco endividada está mais segura


Uma empresa endividada representa maior risco para quem a compra. Uma empresa pouco endividada pode ser usada, ela própria, como garantia sobre a operação.
João quer comprar a pocilga de Rita, mas não tem pais ricos nem lhe saíu o Euromilhões. Vai ao BES e pede dinheiro, dando como garantia a própria pocilga que está a comprar!
Havia nos EUA uns senhores que eram conhecidos precisamente por este tipo de operação, com elevada alavancagem.