12 de julho de 2006


O dilema do Padre Amaro

Estive a ver o filme "O crime do Padre Amaro", de cujo título discordo.

O que o Padre Amaro fez terá sido pecado, mas crime era não o ter feito.

No parlamento, debate-se o Estádio da Nação


A minha previsão é que o debate se passe do seguinte modo:
Primeiro-Ministro: "Este ano foi fantástico, basta ver que ficámos em quarto lugar no Mundial. E nem vamos ter mais dez estádios para pagar, que foi o legado que o governo anterior nos deixou."

CDS/PP: "Explique-nos, senhor Primeiro Ministro, quais as contrapartidas que foram pagas à Sport TV para que passassem em canal aberto os jogos de Portugal, as meias-finais e a final?"

PSD: "É demagógico dizer que o quarto lugar no Mundial, obtido pelo vosso governo, vale mais que o nosso segundo lugar no Europeu, obtido pelo governo PSD-CDS/PP. Vossa excelência sabe bem que nós deixámos obra, espalhada por todos os pontos do país. Há hoje localidades que não têm saneamento básico mas que podem jogar a sua partida de futebol de 11 num estádio de luxo."

PS: "O trabalho do Governo é notável, e tem-nos surpreendido a todos os níveis. Digam-nos, que medidas estão em curso para renovar o contrato com Scolari?"

PCP: "Há hoje trabalhadores que são explorados pelo grande capital, e que para verem os jogos do mundial tiveram que comprar boxes piratas, já que o grande poder económico veda o acesso à cultura. E como justificar a contratação de um brasileiro para treinador e outro para jogador, quando há tanto desemprego?"

BE: "O senhor Primeiro Ministro já se deu conta que apenas jogam homens na selecção? Para quando a criação de quotas, acabando com esta discriminação injusta?"

PEV: "O Futebol é hoje uma questão nuclear. Por falar em nuclear..."

11 de julho de 2006

É o escândalo!


Então Gilberto Madaíl pede que os rendimentos dos jogadores relativos ao Mundial sejam isentos de IRS? Mas não há qualquer decôro neste país?
Prestaram algum grande serviço à nação? Ah, foram nossos embaixadores. E isso inclui o Petit e o Costinha? E os jogadores que estiveram sempre no banco?
E não é verdade que o maior benefício que os jogadores obtêm da presença no Mundial são contratos milionários para jogar em Espanha, Inglaterra, Itália?
E os embaixadores não pagam impostos sobre o rendimento?
Não me parece evidente que os nossos jogadores tenham atraído receitas para o país. Pelo contrário, terão levado muitos portugueses a gastar dinheiro no estrangeiro.
Eu percebo que tenha dado muito jeito a José Sócrates este mês de férias, para além de qualquer Safari no mês de Agosto. Só que o IRS não é o pé-de-meia do governo; é o pé de meia do estado. O que não é a mesma coisa, tanto quanto julgo saber.

10 de julho de 2006

Portugal de 66, Portugal de 2006


O nosso quarto lugar neste mundial é muito mais meritório do que o terceiro lugar de 66. Em 66, Portugal jogava com o Deusébio. Mas não é a isso que me refiro.
Refiro-me a que jogámos jogos inteiros com o Petit, com o Costinha, com o Pauleta. Ora um quarto lugar com estas abéculas em campo é uma verdadeira façanha.

Petit, o imbecil


Alerta: Este post é fortemente desaconselhado a quem acha que é obrigação de quem é patriota apoiar incondicionalmente a sua selecção e quem quer que apareça em calções e com a bandeira ao peito.

Faz parte da nossa maneira de ser ter pena de quem está em desgraça, nem que seja uma desgraça dourada, como Herman José por ter a dívida de um milhão de euros às finanças ou a miserável campanha do Macaco Simão em Barcelona, antes de ser acolhido por uma conhecida e meritória instituição de caridade.
Ora, como o título deixa antever, este artigo destina-se a insultar o pequeno Petit, que deixou a sua marca no mundial. Não só falhou um penalty contra a Inglaterra, o que em circunstâncias normais seria fatal (que o diga Trezeguet), como ainda marcou um auto-golo no jogo contra a Alemanha. Claro que há uma grande diferença entre estar a perder 1-0 ou estar a perder 2-0, razão pela qual o golo foi claramente decisivo.
Ao contrário de Ricardo, que frangou (nomeadamente no primeiro golo) contra a Alemanha, Petit não tem outras exibições que justifiquem a sua presença em campo ou sequer a tolerância do público. E não é verdade que marcar um auto-golo acontece a todos. Só acontece a quem está convocado e está em jogo.
Se há um prémio por jogo e por golo, pergunto-me quanto é que Petit ganhou nos dois últimos jogos. Em bom rigor, seria justo que tanto a Inglaterra como sobretudo a Alemanha lhe dessem um prémio substancial.
Está na hora, já passa aliás da hora, de Petit abraçar a sua verdadeira vocação de trolha. Tem cara de ser muito bom a chapar massa.

Não sei o que é mais contra o senso comum...


Se ver um Primeiro-Ministro a comentar futebol, se ver um gay a comentar futebol.