13 de setembro de 2007

Bando de bandalhos

Relativamente à murraça que Scolari deu a um jogador Sérvio, os jogadores convocados emitiram um comunicado a divulgar o seu apoio incondicional ao Mister, "um hino à liderança, ao respeito e ao humanismo". Estão unidos. O que os une é a falta de profissionalismo e de fair play.

"Mas, e a emoção do futebol? E a pressão? E a emoção?" dizem-me vocês.

Caguei. São jogadores e treinadores profissionais, que ganham mais num ano do que eu ganharei a vida toda. Sucede que eu não dou murros a concorrentes, a clientes, a colegas, a patrões. Se Scolari entrasse na CGD, ou na TMN, e levasse um murro de um empregado mal pago por causa de um qualquer mal entendido, o homem era despedido ou não? O que é que dá a Scolari mais direitos? Não percebo.



Entretanto, um breve comunicado emitido por Sá Pinto, João Pinto, Fernando Couto e ainda Eric Cantona, diz simplesmente:

"Scolari, a dar murros, pareces uma menina!"

E depois de Scolari?

Ao dar um murro a um defesa da equipa adversária, após o jogo, Scolari mostrou hoje ser um verdadeiro português, no que ao futebol diz respeito. E ficou evidente que está na hora de partir. Já. De resto o momento é bom, porque há actualmente duas excelentes hipóteses para o substituir.

Podemos contratar o Dalai Lama para treinador. Será mais contido que Scolari. Era uma hipótese de apoiar o Tibete. Já que não há coragem política, que haja coragem desportiva. É quase certo que não iríamos ganhar coisa nenhuma mas, assim como assim, é pouco provável que ganhemos alguma coisa com outro treinador qualquer. Como represália, pode ser que a China retire todas as lojas de chineses de Portugal, essa praga dos tempos modernos.

Outra hipótese seria contratar a mãe da pequena Madeleine McCann. Quem consegue conter as emoções como ela (tenha a filha sido raptada ou tenha morrido por acidente, às mãos dos pais) parece-me que não teria dificuldades em controlar-se com um golo adversário, injusto que fosse.

Dalai Lama? Dai-lhe lama!

O Dalai Lama veio de novo em visita a Portugal.

Os nossos habituais amigos do PS, como José Sócrates, normalmente muito preocupados com as violações de direitos humanos em Guantanamo resolvem, na senda da coragem política demonstrada por Jorge Sampaio logo após o massacre da praça de Tiananmen (onde terão morrido mais pessoas do que nos atentados do 11 de Setembro), ou da relação fraternal de Mário Soares com o (agora ex-)terrorista Yassir Arafat, que é boa ideia não receber o Dalai Lama com honras de Estado. "Dai-lhe lama".

A pior coisa de que podem acusar o Dalai Lama é de proferir uma série de frases profundíssimas que inevitavelmente nos vão parar, volta e meia, à Inbox. Apesar de tudo, antes isso que Rolex, Viagra ou refinanciamento da dívida (outros temas recorrentes). Não me parece que em algum momento ele passe por terrorista, por assassino, por criminoso. É um instigador de massas, talvez, na linha desse famoso criminoso indiano - Mahatma Ghandi.

Os chineses não iam gostar. Afinal de contas, ele não é só um líder religioso; é também um líder político; o chefe de estado do Tibete, esse país que tanto mal tem causado à República Democrática da China. O Tibete, claro, é muito diferente de um outro território ocupado durante vários anos, chamado Timor, e pelo qual o PS tanto (e bem) se bateu. É que no Tibete não vivem timorenses. E o Tibete não tem relações históricas com Portugal. Por outro lado, a China comunista é nossa amiga e, dizem, até está a tentar tornar-se numa democracia. Já a Indonésia (mais próxima dos EUA), essa sim, era má.

A tão (auto-)apregoada coragem de Sócrates verifica-se face à Associação Nacional de Farmácias. Face aos nossos professores. Aos nossos polícias. Aos nossos médicos. Quando no entanto se fala da China, o caso muda de figura. Há que prestar vassalagem.
Os nossos ideiais são importantes, claro, mas não exageremos. Eles são chineses, e ainda iam ficar ofendidos.

12 de setembro de 2007

Início do ano lectivo assinalado com espectáculo folclórico

"Governo distribuiu cerca de dois mil portáteis a professores e alunos". O título, no Sapo, fez-me ir ver a notícia.
Descubro sem espanto que José Sócrates, primeiro-ministro, se juntou a Maria de Lurdes Rodrigues, ministra da educação, no assinalar do ano lectivo, distribuindo computadores portáteis à sua direita e à sua esquerda.
Descubro, com grande espanto (sou mesmo ingénuo), que a eles se juntaram 13 secretários de estado e, pasme-se, seis outros ministros, a saber: Defesa, Justiça, Obras Públicas, Administração Interna, Economia e Assuntos Parlamentares.

Para quem acusa José Sócrates e os seus ministros de seguirem políticas de direita, fica claro que a herança da esquerda lá está, na pouco democrática arrogância que todos lhe(s) apontam e na fantástica máquina de propaganda.

P.S.: A foto foi tirada de um post do blog WeHaveKaosInTheGarden.blogspot.com.

11 de setembro de 2007

9 de setembro de 2007

McCannTV

Sobre o caso propriamente dito, pouco tenho a comentar, até porque não acompanho em detalhe. Choca-me o desaparecimento de uma criança de 3 anos.

Choca-me também que quem tem mais dinheiro não possa ser suspeito; choca-me que quando uma criança humilde desaparece os pais nem sejam autorizados pelo padre a acompanhar a procissão do Senhor dos Aflitos (caso do Rui Pedro de Lousada), enquanto que quando desaparece uma criança rica os pais consigam ir falar com o Papa. Choca-me que o caso do Rui Pedro tenha tido direito a mais minutos de televisão agora, por arrasto, do que quando desapareceu. Choca-me pagar, com os meus impostos, o trabalho durante meses de uma polícia de investigação que procura uma filha de um casal abastado que não soube contratar uma babby sitter para tomar conta dos três miúdos, quando em outros casos o esforço parece inexistente, ou quase.

Dizia alguém que isto (deixar filhos de 2-3 anos sozinhos em casa num país estrangeiro, para ir jantar fora com os amigos, é uma questão cultural. Admiti que fosse verdade.

Dizem-me por outro lado os noticiários em Portugal que a imagem que passa lá fora (Inglaterra?) é a de pais que estão a ser usados como bodes espiatórios por uma polícia que não é eficaz. Admiti que fosse verdade, ainda que eu não dê grande credibilidade aos nossos noticiários, sobretudo quando exprimem opiniões subjectivas em vez de factos objectivos.

Fui por acaso ao site da MSNBC e não só as notícias não beliscam em nada o trabalho da nossa PJ como, nos comentários, tudo parece estar revoltado contra a atitude dos McCann ("no mínimo, deviam ser acusados de negligência").