11 de janeiro de 2008

Democracia representativa

A decisão de não referendar o tratado constitucional europeu, com esse ou com outro nome, é um exemplo representativo da democracia representativa que temos.
"Ah, estás a favor do referendo. Quer isso dizer que ias votar contra."
A verdade é que não sei. Do tratado, sei o nome e pouco mais.

A não-notícia é a quebra de mais um compromisso eleitoral de Sócrates. Semântica à parte, estava prometido um referendo sobre o tema. Essa promessa feita durante a campanha é muito anterior a qualquer promessa que Sócrates tenha feito a líderes europeus, logo, deveria ter precedência.

O argumento intelectual de que o tratado é demasiado complexo para ser referendado parece-me muito pouco válido. Tristemente, o tratado não foi redigido de forma a ser inteligível (Pacheco Pereira mostrou-o bem na TV, ao ler algumas passagens do texto). Fica pois a ideia de que não é por o tratado ser complexo que não é referendável; é por os eurocratas não quererem referendos que fizeram um tratado complexo. De resto, se não somos suficientemente esclarecidos para referendar o tratado, que sentido faz votarmos nas legislativas? Talvez fosse desejável que só votasse quem demonstrasse ter lido e compreendido os programas eleitorais de todos os partidos concorrentes!

Voltando ao tratado, seria muito fácil fazer programas de informação sobre o conteúdo do tratado, na rádio, tv e jornais, e promover a sua discussão de forma aberta. Se procurarmos simplificar, em vez de complicar e tornar elitista, o tratado pode seguramente ser explicado até a uma criança. Infelizmente, vamos todos discutir o referendo, em vez de discutir o tratado.

Aqui ficam pois alguns links relativos ao tal de "Tratado de Lisboa", ou "Tratado de reforma institucional da união europeia". Uma explicação ao nível dos resultados que se procuraram obter com o tratado, um conjunto de FAQ's, mais algumas perguntas e respostas e até o tratado, visto do outro lado do oceano (Brasil). Também na Wikipédia.

6 de janeiro de 2008

"É a economia das cadeias, estúpido"

Confesso-me incapaz de perceber a dificuldade em acabar com a droga nas prisões.
A droga ou é cultivada pelos presos, ou é transportada por quem visita, ou é levada pelos guardas. Em qualquer dos casos, deveria ser trivial acabar com ela. Mas isto, ao longo dos tempos, tem sido considerado como "Missão Impossível" pelos nossos governantes.
Fico no entanto satisfeito em saber que há uma grande preocupação com o fumo dos cigarros. Abéculas!

Isto, sim, é estranho!

"Maria de Belém não estranhou fumadores no casino" (referência ao episódio em que António Nunes, da ASAE, foi apanhado a fumar uma cigarrilha depois da entrada em vigor da lei do tabaco).
Às vezes - a maior parte das vezes - quando fazemos asneira, o melhor é pedir desculpa, lamentar o sucedido e prosseguir, em vez de tentar justificar o injustificável. António Nunes, da ASAE, não sabe disso. Maria de Belém, das duas uma: ou não sabe disso, ou anda a ver se "entala" António Nunes...