11 de fevereiro de 2006

Três eleições e dois funerais


Não é meu hábito falar sobre o passado, mas desta vez vou falar sobre um cadáver, Mário Soares. Um cadáver em putrefacção, com o cheiro característico - sobretudo quando abre a boca para falar. A certidão de óbito passada nas eleições presidenciais em 2006 é prova disso.
Terá talvez morrido de tristeza, já que eu acho que pai algum deve sobreviver aos seus filhos ou, dito de forma mais crua, nenhum pai deve passar pela experiência de enterrar um filho.
Dizer que "perder, seria ter desistido" é argumentar em desespero. No final do Benfica 3-Sporting 1, Koeman teve a razoabilidade de não dizer que "perder, seria ter desistido". Para argumentar com tranquilidade, haveria que ter desistido a favor de Manuel Alegre, e depois cobardemente pôr a culpa no Alegre poeta.
Em suma, e ao contrário do que Sócrates disse, Koeman deu-nos uma melhor lição do que o alegado pai da democracia, já que não só foi até ao fim como soube entender o que se passou.

Soares e o país


Terá dito um tal de Vitelino (chamo-lhe "vitelino" para não lhe chamar filho-de-uma-vaca) que Soares é maior do que o país. Ora isso para mim é excelente notícia, porque, em termos matemáticos:
Soares > País ==> Soares <> País
(q.e.d.)
Ora sucede que eu tenho orgulho em viver num país que é diferente de Soares.
Legenda:
==> implica
<> diferente
q.e.d. Quod Erat Demonstrandum (como queríamos demonstrar)

Gaste dinheiro agora. Pergunte-me como.


Desde sempre os operadores de telecomunicações são um caso típico da aplicação do princípio da Economia que diz que a diferenciação é uma excelente forma de ganhar dinheiro. Basta olhar para a complicação dos tarifários, em que os custos variam em função de ser o primeiro minuto ou os seguintes, para a própria rede ou para outra, grupos fechados de amigos, horários, dia de semana ou não, períodos de tarifação, etc. É mais complicado do que comparar o preço das laranjas em porcelana com o das operações plásticas ao nariz. Isto serve o propósito de dificultar comparações, diminuindo a concorrência. Mas, que eu saiba, não tem nada de ilegítimo ou ilegal.
Recentemente, mudei de tarifário. Pagava cerca de 100 eur/mês, por vezes mais. Agora pago 50 eur/mês. Mudei de um pré-pago para um tal de "Plano Pro 40" (40 eur+iva por mês, 500 minutos de chamadas para todas as redes em qualquer dia e horário).
Propus depois a Clientes meus, uns Vodafone, outros não, que mudassem os respectivos tarifários para o mesmo plano que eu tinha. Contas feitas, poupariam 20 a 70%, consoante o Cliente.
Não se trata aqui de ocultar informação, ou de não serem proactivos na sugestão de tarifários mais adequados, conforme dizem que são. Trata-se de pura e simplesmente recusarem a mudança de tarifário, refugiando-se em justificações surrealistas.
1. O argumento mais aceitável é, pasme-se, o argumento do medo: "Existe um contrato de fidelização; a multa por incumprimento é proibitiva". Sucede que o Cliente apenas pede a mudança de tarifário, não de operador!
2. Outro: "Isto são planos em que perdemos dinheiro. Podemos fazer o preço a um empresário em nome individual, ou microempresa, mas para empresas maiores não, porque iríamos perder muitíssimo dinheiro." O que é isto, se não uma confissão voluntária de dumping?
3. "Isto são planos que temos em carteira, mas só servem para 'roubar' clientes à concorrência". Leia-se: Um Cliente nosso que seja fiel é bem pior tratado do que quem venha da concorrência. Depois da moda das campanhas de marketing de fidelização, esta é uma clara campanha de desfidelização a) dos clientes de outros operadores, e b) dos próprios clientes - que se sentem enganados e preteridos.
4. "Não podemos aplicar esse tarifário ao caso concreto, porque iríamos baixar a facturação ao Cliente em mais de 20%". Resultado: passou a estar em causa a mudança de operador, com um prejuízo para a Vodafone de... 100%.
5. "Não poderíamos aplicar esse tarifário em todas as empresas, porque a nossa facturação anual cairia mais de 20%, o que seria inaceitável para os accionistas". É muito difícil responder a este argumento, por ser tão absurdo. Esta é uma política digna do meu prezado Metropolitano de Lisboa, onde se aumentam os preços para fazer face aos prejuízos, sem qualquer preocupação em cortar custos excessivos ou supérfluos. Ou alguém, accionista ou não da Vodafone, acredita que esta é uma empresa onde não há espaço para melhorar, ao nível do controlo de custos?

Declaração de (des)interesses:

Não tenho (nem estou a pensar comprar) acções da Vodafone, TMN ou Optimus. Ou da Sonae, já agora. Nem trabalho para nenhuma delas, directa ou indirectamente.

Declaração de interesses:

Tenho um telefone giro da Vodafone.

9 de fevereiro de 2006

Prostitutas e arquitectos



No livro Freakonomics, que aproveito para recomendar, os autores tentam responder a questões tão improváveis como, na pag. 124: "Porque é que uma prostituta ganha, geralmente, mais do que um arquitecto?"
Dentro de uma análise que é económica, o último argumento apresentado é fantástico: "(...) é mais provável um arquitecto contratar uma prostituta do que o contrário."

O Macaco Simão


O meu herói tornou a brilhar, com aquele brilho que caracteriza uma estrela (de)cadente. Tatuado e a falhar penalties daquela maneira, e com um ordenado claramente acima do que vale e do que produz, pode ser que quando crescer (e deixar os amuos e birras) consiga uma Victoria que faça dele o Beckam português. Talvez nessa altura passe a referir-me a ele como o Palhaço Becas.