10 de novembro de 2007

...and now for something completely different (espaço para o politcamente incorrecto)

Mandam as regras que nunca se vai para um motel com a legítima. Não só não tem piada, como pode causar sérias perturbações familiares...

Josefa não aguentou e teve de contar à sua amiga Lurdes:
- O teu marido foi visto num motel.
A Lurdes abriu a boca e arregalou os olhos. Ficou assim, uma estátua de espanto, durante um minuto, um minuto e meio. Depois pediu detalhes.
- Quando? Onde? Com quem?
- Ontem. No Discretu's.
- Com quem? Com quem?
- Isso eu não sei.
- Mas como era a gaja? Era alta? Magra? Loira? Pernas boas? Rabo grande?
Mamas arrebitadas...
- Não sei, Lu.
- O Carlos Alberto vai-mas pagar. Olaré, se me paga !!
Quando o Carlos Alberto chegou em casa, a Lurdes anunciou que iria deixá-lo.
E contou porquê.
- Mas que história é essa, Lurdes? Então não te lembras que quem era a mulher que estava comigo no motel eras tu, minha tonta !!!
- Claro que me lembro !! Maldita hora em que eu aceitei ir lá ao Discretu's dar uma rapidinha! Toda a cidade já sabe que tu estiveste lá com uma gaja !!! Ainda bem que não me identificaram...
- E agora?
- Agora ?? Agora vou ter que te deixar !! É óbvio? É o que todas as minhas amigas estão à espera que eu faça. Não sou mulher de ser enganada pelo marido e não reagir.
- Mas tu não foste enganada. Quem estava contigo era eu, o teu marido!
- Mas isso é pormenor e elas não sabem disso!
- Eu não acredito, Lurdes! Tu vais acabar o nosso casamento por causa disso?
Pelo que as outras mulheres pensam ???
- Vou!
Mais tarde, já quando a Lurdes estava a sair de casa, com as malas, o Carlos Alberto chamou-a. Estava sombrio, taciturno...
- Acabo de receber um telefonema - disse - Era o Mendes.
- O que ele queria?
- Fez mil rodeios, mas acabou por me contar. Disse que, como meu amigo, tinha que me contar.
- O quê?
- Que tu foste vista a sair do motel Discretu's ontem, com um homem, e que de certeza não foi coisa boa.
- O homem eras tu!
- Eu sei, mas eu não fui identificado.
- Mas não lhe disseste que eras tu?
- O quê? Para os meus amigos ficarem a pensar que vou a um motel com a minha própria mulher? Deus me livre de tal coisa!!
- E então?
- Desculpa, Lurdes, eu não queria, mas...
- Mas o quê???
- Vou ter que te dar uma carga de porrada...

5 de novembro de 2007

Referendar ou não referendar, eis a não-questão

A discussão sobre se o tratado constitucional europeu deve ou não ser referendado afigura-se-me como duplamente absurda, ie, ambos os lados têm uma posição algo absurda.

Parece-me evidente que Sócrates apenas fará referendo se sentir que não há qualquer risco de o perder. Nesse caso, avançará para o referendo auto-elogiando as suas qualidades de grande democrata.

Do lado do PS argumenta-se que o tratado é um texto complexo, pelo que os cidadãos teriam dificuldade em compreendê-lo, ainda que o tentassem ler. Argumenta-se que o parlamento é a sede própria para este tipo de decisão. Argumenta-se que o texto é diferente do anterior em aspectos fundamentais como - pasme-se - o hino e a bandeira (meros e inconsequentes símbolos).
Mas dizia eu que acho esta posição absurda, na medida em que o PS disse, durante a campanha legislativa, que levaria um tratado constitucional a referendo. Como o texto não se tornou mais complexo desde as legislativas, e como o PS não colocou diversos "mas" (tipo "referendamos, excepto se o texto for substancialmente alterado), torna-se evidente que está a dar o dito por não dito, isto é, que mentiu.

Eis pois a outra face do absurdo.
Sócrates ganhou eleições afirmando que não ia aumentar os impostos. Também aqui não disse "...excepto se a situação que encontrarmos...".
Sócrates ganhou eleições prometendo a criação de 150.000 postos de trabalho. Também aqui não disse que isso dependia do crescimento do PIB nacional ou europeu, ou das exportações, ou de qualquer outra coisa.
Agora, de repente, vejo alguma oposição muito satisfeita porque acham que Sócrates está encurralado, e que terá que fazer referendo ou admitir que mentiu. Porque é que desta vez isso lhe iria custar, pergunto?

"Doutor, preciso de ajuda"


Este é o nome de um programa da TVI, que enaltece a frivolidade e a superficialidade do ser humano. É um programa que, confesso, me complica com o sistema nervoso. Tanto quanto sei, ainda nunca apareceu uma mulher a dizer:
"Sabe, doutor, eu sou burra. Gostava que me ensinasse a derivar, sem usar o teorema de Cauchy." ou "Sabe, doutor, eu sou ignorante. Ensine-me por favor a história de Portugal do séc. XX."
O conceito é mais: "Sabe, doutor, eu sou feia. Gostava que me endireitasse os dentes (que o meu namorado entortou por acidente) e que me aumentasse as mamas (porque estou farto de que me olhem nos olhos quando falam comigo)."
Ora é bem sabido que não é por se ser feio que não se consegue, com esforço (e com o cartão partidário certo), chegar onde se quer - até a ministro.
Penso que seria pois mais adequado mudar o título do programa para algo mais honesto, e mais adequado ao público a quem se destina:
"Querido, mudei a tromba!"