O Dalai Lama veio de novo em visita a Portugal.
Os nossos habituais amigos do PS, como José Sócrates, normalmente muito preocupados com as violações de direitos humanos em Guantanamo resolvem, na senda da coragem política demonstrada por Jorge Sampaio logo após o massacre da praça de Tiananmen (onde terão morrido mais pessoas do que nos atentados do 11 de Setembro), ou da relação fraternal de Mário Soares com o (agora ex-)terrorista Yassir Arafat, que é boa ideia não receber o Dalai Lama com honras de Estado. "Dai-lhe lama".
A pior coisa de que podem acusar o Dalai Lama é de proferir uma série de frases profundíssimas que inevitavelmente nos vão parar, volta e meia, à Inbox. Apesar de tudo, antes isso que Rolex, Viagra ou refinanciamento da dívida (outros temas recorrentes). Não me parece que em algum momento ele passe por terrorista, por assassino, por criminoso. É um instigador de massas, talvez, na linha desse famoso criminoso indiano - Mahatma Ghandi.
Os chineses não iam gostar. Afinal de contas, ele não é só um líder religioso; é também um líder político; o chefe de estado do Tibete, esse país que tanto mal tem causado à República Democrática da China. O Tibete, claro, é muito diferente de um outro território ocupado durante vários anos, chamado Timor, e pelo qual o PS tanto (e bem) se bateu. É que no Tibete não vivem timorenses. E o Tibete não tem relações históricas com Portugal. Por outro lado, a China comunista é nossa amiga e, dizem, até está a tentar tornar-se numa democracia. Já a Indonésia (mais próxima dos EUA), essa sim, era má.
A tão (auto-)apregoada coragem de Sócrates verifica-se face à Associação Nacional de Farmácias. Face aos nossos professores. Aos nossos polícias. Aos nossos médicos. Quando no entanto se fala da China, o caso muda de figura. Há que prestar vassalagem.
Os nossos ideiais são importantes, claro, mas não exageremos. Eles são chineses, e ainda iam ficar ofendidos.
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