1 de janeiro de 2007

Carolina ao vivo (2)

Esta história passou-se em Agosto de 2003, tinha a Carolina 2 anos e 3 meses. O Ricardo estava naquela fase em que, em altura de referendos, se discute se já existe ou não - tinha na altura umas 6 semanas de vida.
Considerando que o plano original era ir de avião para Miami, alugar um carro e descer até às Keys, parando para dormir onde houvesse "Vacancies", a façanha na verdade até nem era especialmente ambiciosa. Armados do nosso Twingo e de uma certa dose de coragem, arrancámos para o Algarve. É certo que a nossa semana de férias só começava daí a 4 dias mas - que raio - em algum lado seria possível ficar.
Ficámos a primeira noite na Vila dos Navegantes, do outro lado do Soltróia. Mas avisaram-nos logo de que só podíamos ficar uma noite - na noite seguinte não havia vagas! Porque não gostamos muito de nadar com alforrecas no Sado, íamos depois dar um mergulho do lado do mar (Soltróia), onde também se almoçava benzinho.
Partimos pois ao fim do dia para Évora, onde achámos que o Hotel D. Pedro teria certamente um quarto para nós. Não tinha. Estava esgotado. Acabámos por ficar num Hotel à entrada de Évora. Abertas as malas, o choque - faltava a máquina fotográfica! Raios - foram de certeza as senhoras da Vila dos Navegantes que se abarbataram à máquina! Grr...
Por descargo de consciência, liguei para o restaurante (tinha a factura) - "Sim, temos cá uma Canon preta. Ficou pendurada numa cadeira à hora de almoço."
Ora que tristeza - culpar o pessoal da Vila dos Navegantes, que por sinal foram bem simpáticos e prestáveis. Fiquei a sentir-me pessimamente comigo próprio.
Bom, vou agora aí buscar a máquina. Eram umas 7 da noite.
Arranquei só com a Carolina; a mãe ficou a descansar em Évora. Durante a viagem, fomos olhando para as vacas no caminho, para o mar, para os carros que passavam, para os pormenores da paisagem. Foi uma hora e tal de conversa agradável com a minha bebé.
Lá chegados, recuperei então a máquina fotográfica. Aproveitámos para jantar a bela sopa do restaurante.
No caminho de regresso, diz a Carolina: "Pai, não quero que vás com o popó para dentro de água!"
Após uns minutos, lá percebi: na linha do horizonte, as nuvens estendiam-se na horizontal, paralelas. Banhadas pelo luar, pareciam a espuma das ondas a rebentar na praia. Daí o receio da pequena de que estávamos a ir na direcção da água. Ainda no caminho, ao voltarmos a sítios onde tínhamos visto vacas:
"Pai, já não estão cá as vacas. Acho que foram para a cama dormir."
Chegados a Évora, a pequena dormia. Acordei-a, e de imediato me transmitiu a sua preocupação:
"Pai, a água vai levar o balde e a pá; tenho que ir buscá-los."
"O balde? A água? Carolina, estavas... a sonhar!"
Foi emocionante descobrir, de forma tão clara, que a pequenota sonhava!

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