Sempre achei muito relativo o ranking publicado anualmente sobre as escolas secundárias. Este estudo calcula a média dos alunos dessa escola nos exames do 12º ano, e daí conclui sobre quais são as melhores escolas. O estudo é por vezes encarado como respondendo à pergunta: "Em que escola devo inscrever o meu filho, para ele obter os melhores resultados possíveis?"
Ora as escolas não partem para o estudo em pé de igualdade. Consideremos o Colégio S. João de Brito (indicado de forma recorrente como a melhor ou uma das melhores escolas), o Liceu Camões (onde eu estudei), e uma escola inserida num pequeno meio rural. Independentemente do trabalho e do mérito da escola, estranho - um escândalo - seria que estas três escolas não fossem classificadas por esta ordem.
O Colégio S. João de Brito é pago e faz uma selecção criteriosa dos seus alunos. Além disso, tanto quanto sei, um aluno que tenha maus resultados é convidado (?) a sair do colégio. Qual é o perfil do aluno que faz provas de 12º ano no S. João de Brito? 1) Pertence a uma família com rendimentos suficientes para uma escola particular; 2) Pertence a uma família que se dispõe a investir na educação do filho; 3) Ao longo da frequência do secundário, teve resultados suficientemente bons para se manter naquele colégio.
Vale a pena explicar em que medida este aluno é diferente dos alunos das outras duas escolas? Penso que não! O toque de Midas não é transformar ouro em ouro, mas transformar qualquer coisa em ouro. No topo dos rankings deveriam estar as escolas que, partindo de uma Matéria-Prima fraca (alunos problemáticos, famílias complicadas, etc) consegue produzir resultados bons ou muito bons.
Eis que surge agora uma proposta para fazer um estudo (mais) nestes termos. Excelente.
2 comentários:
Dentro de uma outra area, aqui esta um estudo que adopta medidas drasticas para tentar garantir a veracidade dos resultados. http://www.exile.ru/2005-March-25/feature_story.html
Acho que seria mais útil analisar o sucesso de alguns alunos em Escolas onde a maioria se pauta pela mediocridade, do que focar a atenção nas escolas onde a maioria tem boas notas. E de certeza que os resultados seriam surpreendentes nomeadamente no que diz respeito ao acompanhamento pelos pais da evolução escolar dos filhos.
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