12 de novembro de 2007

Bater nos filhos...

Pergunta filosófica que me assola o espírito, vezes sem conta: Em que circunstâncias é aceitável um pai (ou mãe) bater num filho?

A forma fácil, porventura algo cobarde, de travar a discussão é falar dos casos-limite. Queimar uma criança com pontas de cigarro é inaceitável. Claro. Uma palmadinha tipo "encosto de mão", não faz mal a ninguém. Claro. Claro, mas por isso mesmo, irrelevante. E o que fica no meio? E o dia-a-dia?

Sendo certo que bater num filho nunca é, em si mesmo, uma coisa boa, pode ou não justificar-se para evitar males menores? Que impacto é que as palmadas que dou ao Ricardo ou à Carolina podem ter, no curto, no médio e no longo prazo?

Muitas vezes sinto que falho, quando podia ter encontrado outra forma de dar a volta à situação. Há palmadas que representam uma capitulação de quem as dá, e já tenho dado por mim a fazer esta análise a posteriori. Como o sentimento de culpa é um sentimento altamente improdutivo, e inconsequente (como dizia (a) alguém), há que tentar analizar, racionalizar, aprender, melhorar.

O Ricardo e a Carolina são dois miúdos espectaculares. Não obstante, ambos são capazes de nos fazer perder a cabeça (mais um que outro, talvez, mas isso é irrelevante). Nessas circunstâncias, acho que dar uma palmada é perigoso (para ambos). Dito isto, sinto como imperiosa a necessidade de transmitir alguma disciplina e respeito, e não vejo que isso deva ou sequer possa ser adiado para uns anos mais tarde. É algo que tento levar em consideração.

Também sinto, quase sem excepção, que as intervenções exteriores são sempre calamitosas. Desastrosas. Contraproducentes. Se estou a repreender um dos miúdos e alguém intervém para dizer... "Deixe lá, eles são miúdos, deixe-os fazer o que eles querem", o ímpeto é o de reagir exercendo maior dureza, o que evidentemente também não tem qualquer sentido. É outro aspecto que tento levar em consideração, quando aplicável.

A nossa sociedade, ou pelo menos grande parte dela, tolera mal ou até muito mal uma palmada dada em público. Tolera bem melhor que um pai ofereça uma consola para entreter o chato do filho, raio do miúdo, que só pensa é em brincar.

Palmadas, em miúdo, apanhei qb. Das vezes em que "apanhei", só me lembro distintamente de uma - foi uma em que apanhei de forma... injusta. De facto, eu e o JT não tínhamos chamado "preta estúpida" à empregada. Não tínhamos mesmo, foi ela que inventou! O "juiz" que foi chamado a analizar o caso ponderou a probabilidade de estarmos a mentir para "salvar a pele" face à probabilidade de a (agora sim) preta estúpida estar a contar uma história totalmente fantasiada, e... decidiu mal. As outras, mais merecidas ou menos, mais necessárias ou menos, não me ficaram na memória.

Espero, por vezes com inquietude, que quando tiverem a minha idade o Ricardo e a Carolina olhem para trás e achem, como eu acho quando olho para trás, que não obstante as falhas que serão sempre muitas... a coisa correu bem.

3 comentários:

Gonçalo Taipa Teixeira disse...

Também eu só me lembro das palmadas injustas. No meu caso, foram duas. A pior foi de alguém a quem nunca reconheci direitos de me disciplinar, principalmente tendo os meus pais por perto.

Elise disse...

JÁ discutimos isso no meu blog. Contaste a tua história. Andei à procura do post sobre esse tema, mas não o encontrei.
grrrr

Bjos

Anónimo disse...

Mas que merda e' esta? Levaram e foi muito bem levado! Eu ouvi bem! Foi o puto Jonas!
E digo-vos mais: Deixem jogar o Mantorras!!