Políticos baratos ou Palhaços caros?
Há muito tempo que defendo que, para assegurar a qualidade da classe política, os políticos com responsabilidade efectiva (ministros, deputados, presidentes de câmara, etc) deviam ser pagos a preços de mercado, em função do respectivo custo de oportunidade.
Talvez António Carrapatoso aceite um dia ser Ministro do Trabalho ou da Educação. Ora, para o fazer, terá necessariamente aceitar uma redução brutal no seu rendimento. Logo, há um forte incentivo para que os maus políticos afastem os bons políticos, já que os primeiros não têm grandes oportunidades de trabalhar numa economia aberta, concorrencial e competitiva, pelo que o salário de ministro para eles é aceitável.
Curiosamente, o grande homem de estado que apresentou esta teoria num timing perfeitamente casual, pretende agora substituir um mau político. Será que pela primeira vez se enganou? Será que na opinião de Cavaco, vai haver um "bom político" a expulsar um "mau político"? Fica a questão.
Ora dizia eu que sempre achei razoável que quem gere um orçamento de milhões de euros dos contribuintes tenha uma remuneração minimamente comparável a quem gere milhões de euros de accionistas. Ontem, esta minha convicção foi abalada, ao ouvir a parte final da troca de atuardas entre o Ministro das Finanças e um deputado do PCP, sobre a doçura das amêndoas que um iria oferecer ao outro. Ou sobre se o pão de ló que o outro iria oferecer ao um era "daqueles húmidos, que são os que eu gosto mais". Fiquei a pensar se aqueles dois senhores serão políticos razoavelmente mal pagos ou se, pelo contrário, serão palhaços razoavelmente bem pagos.
Quanto aos deputados do Partido Comunista, a verdade é que sinto por eles a nostalgia que sinto pelos animais em vias de extinção. E ninguém os leva (muito) a sério.
Já um ministro das finanças que não se dá ao respeito, e que brinca e se diverte com este tipo de baboseiras, devia ir comer pão de ló pago por alguém que não o desgraçado do contribuinte. O orçamento de estado, pelos vistos, não é um tema difícil da governação, mas um pretexto para fazer apostas. Infelizmente, estes são os temas que não preocupam Jorge Sampaio, que tão activo tem andado no seu último fôlego.
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