Não me parace uma questão especialmente importante, mas não há dúvida de que vai dar que falar.
A lei anti-tabaco entrou em vigor hoje, mas sendo estabelecido que o Primeiro de Janeiro seria um dia de tolerância. A lei entrou em vigor, mas à portuguesa. Estou também curioso em ver qual vai ser a celeridade da polícia a acorrer a estas situações, quando chamada.
Quanto à lei propriamente dita, tenho mixed feelings. Desconfio, por princípio, da capacidade do Estado de zelar pelos meus interesses. O melhor Estado, dizia alguém, é um Estado que não se vê, não se sente, e não se paga. Este não é o Estado que temos, e não me parece que estejam a ser dados passos relevantes nesse sentido.
A vantagem da lei é transferir, de algum modo, o poder do lado de quem fuma para o lado de quem fuma. É evidente que é pouco aceitável o cenário de ter alguém a deitar-me fumo para cima e a responder que "quem está mal, muda-se", mas igualmente extremista é ver qualquer cigarro como uma arma de crime, e qualquer fumador como um criminoso. Não me incomoda um cigarro fumado na outra ponta do café, ou um cigarro fumado (porventura até ao meu lado) num restaurante cuja extracção de ar funcione bem.
Talvez o que mais me incomoda seja ver quem reivindica o direito de fumar (hoje ouvi na televisão um fumador a dizer que "Se eu me quiser suicidar, o Estado não tem nada a ver com isso") achar-se mais tarde no direito de reivindicar, desse mesmo Estado, o direito a ver o seu cancro no pulmão tratado de borla.
Aqui fica, como serviço público, o mapa dos locais onde se pode fumar.
3 comentários:
A lei anti-tabaco, noutros países.
O acto de fumar parece-nos, por nós entenda-se todos aqueles com +30 que cresceram a ver filmes onde os herois (e nao so) fumavam, um acto demasiado banal, e simultaneamente pessoal, para ser censurado.
No entanto, à medida que se foram descobrindo e comprovando os malefícios do tabaco foi ficando claro que o seu consumo deve ser reduzido para números marginais. E também me parece insuportável que se obrigue alguém a fumar oito horas por dia na sua profissao. É o caso dos empregados de bar.
Para os clientes é mais fácil. Mudamos de mesa ou de restaurante.
Jose
Auslander sem acentos...
Não te esqueças que os que morrem de cancro depois não custam nada ao Estado, nem este tem de pagar a reforma aos descendentes do falecido.
Por mim, acabava-se com o SNS (mas haveria uma rede de segurança para crianças, deficientes, idosos). Algo a discutir.
Se cada um pagasse pelas consequências dos seus actos, muitas pessoas teriam cuidado com o que ingerem.
Mas não tenho nada que aborrecer o vizinho pelo que ele come ou bebe. Desde que nao o faça em minha casa-
A questao não é o direito do fumador. É o direito dos proprietarios decidirem se nos seus estabelecimentos se pode ou nao fumar. Da mesma forma como tu decides se em tua casa se pode ou não fumar. ou beber ginjas ou usar colheres de pau.
Quem entra num café onde estão 5 fumadores, e se senta ao lado destes, conscientemente está a escolher fumar passivamente. é a sua escolha.
se se sente incomodado procura outro café, para não fumadores, ou entao outro que esteja vazio.
curioso que na maia há uns anos abriu um café com local para fumadores e para não fumadores. este último estava sempre vazio. as pessoas concentravam-se no local para fumadores, mesmo que não fumassem.
No Insrugente postei esta frase que dá que pensar:
As the state grows, one’s sense of self-ownership is destroyed, liberty is traded for “security,” the human spirit diminishes, and the citizenry increasingly thinks and behaves like dependent children. – Eric Englund em Income Taxes, Obesity, and Other Maladies of Nanny Statism
http://www.financialsense.com/editorials/englund/2005/0228.html
Notei também (nao no teu caso) que estas novas leis despertaram o ditadorzinho higienico dentro de muitas pessoas. "tens de fazer exercicio" "tens de parar de fumar" "tens de comer melhor". apre, já não bastam os burocratas agora temos de aturar os nazis da higiene?
bjos, como vão as tangas do ricardo?
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