30 de dezembro de 2005

O trânsito em Lisboa


Carrilho foi acusado de demagógico por ter dito que para resolver o problema dos transportes públicos bastaria que Carmona Rodrigues passasse a usá-los em vez de andas de carro.
Por uma vez na vida, concordo com ele. Não por tirar um carro da cidade (ainda que o presidente da Câmara seja uma pessoa mais importante do que as outras, e tenha direito a escolta policial para afastar o trânsito) mas porque perceberia o que há de errado com os transportes públicos.
Na verdade, em vez de Carrilho, talvez pudessem antes obrigar a administração da Carris a andar diariamente de autocarro e a da Metropolitano de Lisboa a andar diariamente de metro.

Metro e meio


O Metropolitano de Lisboa, E.P., é a empresa mais detestável, prepotente e arrogante de que tenho memória. Assim o é, desde que há memória, mas a situação tem-se vindo a agravar de uma forma impressionante.

Tenho comigo um bilhete de metro de 10 viagens. Custo: 6,35 EUR, emissão: 16/12/2005.
Tenho outro, mais antigo. Custo: 6,00 EUR, emissão: 17/9/2004. Ainda outro, mais antigo: 6/11/2003.

Primeira constatação: Nos últimos dois anos, o preço aumentou 11,6% ao ano (no total, 24,5%. Os comboios não passaram a ser mais frequentes, não reconheço melhorias em qualidade nos últimos 2 anos, e não servem cafés a bordo.

Segunda constatação: Se quiser usar um dos bilhetes mais antigos, não posso. Foram-me dados alguns dias, após mudança de tarifa, para trocar de bilhete. Sucede que é nula a minha disposição para ir para longas filas para me trocarem um bilhete de 6,15 euros (já só com 3 viagens) por um bilhete de 6,35 euros, com as mesmas três viagens. Curiosamente, o bilhete não refere qualquer prazo de validade!

Terceira observação: O que há de diferente no Metro, para justificar esta variação anormal? Algumas coisas:
- As paragens e avarias na linha parecem-me mais frequentes, mas pode ser da má vontade com que estou.
- Os pedintes nas carruagens parecem-me mais, mas pode ser devido ao mesmo fenómeno.
- Objectivamente, temos agora o desconforto acrescido de umas portas que nem sempre funcionam bem, nem sempre aceitam o bilhete e, mesmo quando funcionam, são um entrava à circulação, mais aborrecido ainda em hora de ponta.
- Sempre achei que estas portas visavam evitar os caloteiros que andavam sem bilhete. Ora, isso deveria significar que o projecto era todo ele pago pelo aumento das receitas provenientes desses passageiros, que iriam passar a pagar bilhete. Donde, não deve ser essa a justificação de um aumento de 11,6% ao ano, nos bilhetes.
- Objectivamente, temos longas caminhadas nas mudanças de linha, e temos mudanças de linha mais frequentes. Experimentem ir da Gare do Oriente até ao Colégio Militar. O percurso demora, incrivelmente, quase uma hora!

Recentemente vi um artigo em que a administração do Metropolitano de Lisboa dizia que "não andava a reboque da Câmara Municipal de Lisboa", isto em relação à reparação de fendas, à muito identificadas, na zona do Marquês, e que deveriam ser reparadas antes da continuação do Túnel do Marquês. Infelizmente, a tragédia de Entre-os-Rios não serviu de lição.
Se eu mandasse, mas não mando, quem produziu esta afirmação fantástica iria ficar a observar as ditas fendas, durante toda a obra, nos túneis do Marquês. Se a coisa corresse mal, sempre poderia pedir um "reboque da Câmara".

Ah, gentalha detestável, prepotente e arrogante!

29 de dezembro de 2005

Bet and Lose


Soares insurgiu-se contra as apostas nas presidenciais, da empresa Bet And Win, dizendo nomeadamente que "Candidatos não são cavalos" e "as apostas fazem-se sobre cavalos, ou sobre cães, não sobre pessoas".
É inegável que o não são. Podem ser animais políticos, velhas raposas, mas cavalos não são. De resto, acho especialmente curioso que se diga de Soares que é uma "velha raposa" como elogio!
Aproveito para referir que as apostas se fazem sobre eventos, não sobre animais. Os animais não têm probabilidades; os eventos é que as têm. As bolas numeradas que saem no Euromilhões ou Totoloto também não são animais, claro, e não há dúvida que sobre elas se aposta, e forte. Estou mesmo disposto a apostar que Soares já terá tomado parte em alguma aposta que não envolvia animais (totoloto, totobola, lotaria).
De manhã, quando acedi ao site, o valor pago em caso de acerto no candidato, por cada euro, era o seguinte:
Cavaco - 1.15
Alegre - 5.5
Soares - 6.75
Jerónimo - 101.0
Louçã - 201.0
Tenho para mim que Soares terá ficado incomodado, sobretudo, com o facto de outros animais, digo, candidatos, estarem melhor cotados do que ele próprio. E não estou seguramente a referir-me a Cavaco.
Termino com uma publicidade não-paga ao site do momento:
www.betandwin.com

21 de dezembro de 2005

Dormir descansado após as presidenciais


Depois do que foi o serviço ao PS prestado por Jorge Sampaio, pela presença discreta durante o Governo de Guterres e agora de Sócrates e pela intervenção destabilizadora durante os governos de Durão Barroso e sobretudo Santana Lopes, acho que consigo dormir descansado independentemente de quem venha a ser o próximo Presidente da República. Pelo menos, sabemos que ainda que venha a ser Cavaco, que como eu não sabe o que é a diáspora portuguesa e a cidadania global, não usará expressões como "Xico-espertismo".

Cavaco, com mais ímpetos de intervencionismo. Alegre, porventura com alguma vontade de "praxar" Sócrates, face aos maus tratos sofridos durante a guerra fraticida. Quanto a Soares, o aumento do défice e o aumento do desiquilíbrio da balança comercial é inevitável, já que as viagens para as Seichelles aumentaram de uma forma muito substancial nos últimos 10 anos.

Soares, by himself


Como ouvir Soares falar 10 minutos sobre as suas ideias? Aqui fica a receita:

Arranje uma cópia do debate de uma hora. Agora, veja o debate 4 a 5 vezes. Já está. Não custou nada!

Votar pensando nos filhos


No penúltimo debate, Soares tossia sempre sem pôr a mão à frente da boca. Hoje, coçava a cabeça, esfregava o nariz...

Ora, como podemos educar os nossos filhos, com um presidente que não sabe (ou já se esqueceu) do básico da higiene?

A cultura de Soares é política, mediática, socialista, laica e mais o que ele quiser. Pena é que não tenha um pouco mais a cultura da higiene.

Não sei no entanto o que é a diáspora portuguesa ou a cidadania global.

O debate de Soares e Cavaco


Soares queixou-se, na véspera do debate com Cavaco, que eram precisos mais debates. Hoje, abriu o debate cumprimentando Cavaco e imediatamente lamentando o facto de não haver mais debates.
Será o desespero de quem receia ficar atrás de Alegre ou é mesmo a idade?

20 de dezembro de 2005

A vida é uma soda


Dizia o nosso primeiro ministro em funções, em resposta a uma questão da bancada do CDS/PP sobre a OTA e o TGV:
"Em que estudos é que os senhores se baseiam para estarem contra a OTA?"
O nosso primeiro-ministro acha que somos todos burros, loucos ou burros e loucos. Esquece-se que nem todos votámos nele.
À falta de estudos que provem o contrário, acho que Sócrates está a gozar com a nossa cara.

10 de dezembro de 2005

Louçã, o espantosamente liberal


É bem sabido que a esquerda em geral, sobretudo a intelectualóide, tende a ser proteccionista de uma forma obcecada com aspectos como a contratação e os aumentos de salários (a competitividade da economia portuguesa, essa, parece ser pouco importante).

Ignoram, seguramente, que é porventura nos países mais liberais nestes aspectos, como os EUA, que existem menores taxas de desemprego. A cultura da fixação ao local de trabalho, à função, ao departmento e porventura ao edifício, é a cultura da imobilidade e da MEDIOCRIDADE. Pelo contrário, a rotação de pessoas, se por um lado apresenta diversos desafios, por outro é um incentivo à melhoria constante e à eficiência.


Descobri ontem a forma como Louçã, ou porventura o Bloco de Esquerda, é liberal no que diz respeito à política de emigração, dizendo a entrada dependeria dos que coubessem; ficava portanto ao bom senso de cada um.
Como se fosse credível que um desgraçado vindo de África, da China ou quiçá de um dos países do Leste europeu (onde a esquerda mostrou bem o que vale) deixe de vir para Portugal por, no seu bom senso, achar que vai contribuir para piorar a situação dos transportes públicos, ou irá tirar emprego a alguém que, português ou não, legal ou ilegal, já cá está.
Este nosso iluminado candidato parece não perceber que uma política de emigração desregrada, a coberto deste ou daquele argumento moral (no melhor estilo de Louçã), é uma política de nivelamento por baixo, de mediocridade. Não só não se melhora a qualidade de vida nesses países, como se piora a qualidade de vida em Portugal. Louçã não vê inconveniente em deixar entrar mais pessoas, numa política de portas abertas, num país com níveis históricos de desemprego.


Formado em Economia, Louçã sabe que o que diz é que o mercado de emigração deve funcionar como que em "concorrência perfeita". Ora estes mercados caracterizam-se por ser os de preço mais baixo, só que neste caso estamos a falar do "preço da cidadania": Mais pessoas a procurarem empregos; o mesmo número de posições disponíveis; logo, redução dos níveis médios de ordenados. Acompanhada por redução na qualidade dos serviços públicos, mais pressionados por servirem agora mais pessoas.

9 de dezembro de 2005

The land of the free - Cem comentários


8 de dezembro de 2005

Acessora de imprensa nomeada para embaixada


Freitas do Amaral veio explicar que a acessora de imprensa nomeada para uma embaixada europeia, num momento em que estas nomeações estavam vedadas, foi apenas feito porque a mesma estava já combinada há 8 meses, isto é, antes de a restrição entrar em vigor. O argumento parece lógico, excepto se considerarmos o que tem sido a luta do Governo contra direitos adquiridos pelos trabalhadores de várias àreas, e que são unilateralmente eliminados com o pretexto de serem excessivos ou de estarmos a viver tempos difíceis.


Também os administradores de empresas públicas como a GALP e a CGD, receberam principescas rescições para dar lugar aos Boys do PS (alguns dos quais sem créditos nenhuns nas respectivas áreas, provando em muitos casos que também o mau gestor público afasta o bom gestor público).


Professores, desempregados, juízes, enfermeiros: Aprendam.

Ao contrário do Sol, que quando nasce é para todos, os direitos adquiridos, quando acabam, não acabam para todos.


Sobre isto, Sampaio nada diz.

TGV totalmente público!


Meus caros! Para quem se entristeceu com a notícia de que o TGV vai ser desenvolvido na totalidade com dinheiros públicos e com dinheiro da comunidade europeia, deixem que vos diga que não partilho dessa tristeza.


A confirmar-se que o investimento dos privados na OTA é feito com garantias dadas pelo Estado, isto é, pelo nosso bolso, então na prática isto significa que também este é feito totalmente com dinheiros públicos, excedendo obviamente os tais anunciados 7 a 10%. Caso o aeroporto não atinja os objectivos estipulados pelo Governo, o Estado compensará os privados. Caso eventualmente venha a dar lucro, então foram os privados que investiram, e o seu retorno sobre o investimento será para eles.

Na OTA temos, portanto, o pior de dois mundos.


Sobre isto, Sampaio nada diz.

O buraco da CP


Segundo o Tribunal de Contas, a CP entre 2002 e 2004 teve resultados negativos de 740 milhões de Euros, sendo que das várias áreas de negócio da empresa, nem uma única teve resultados positivos. É verdadeiramente impressionante.


A empresa tem também uma dívida à Banca de 2,4 mil milhões de Euros. Pondo as coisas em perspectiva, se a dívida fosse dividida entre 10 milhões de portugueses, cada um de nós teria que pagar 240 Euros. É verdadeiramente impressionante.


Espera-se seguramente que o TGV venha a ser a primeira àrea da empresa a ter resultados positivos!

Gente, preparem-se. Os próximos tempos não prometem melhoria.


Sobre isto, Sampaio nada diz.

5 de dezembro de 2005

25 anos sobre a morte de Sá Carneiro


Não faço ideia se foi acidente ou não, e pelos vistos nunca terei essa certeza. É pena que não tenha havido uma investigação imediata, séria, independente, rápida e pública.

A culpa morrer solteira é uma coisa. Agora, solteira e virgem...

1 de dezembro de 2005

Confirma-se que o meu voto é em Manuel Alegre!



Mais informação

30 de novembro de 2005

29 de novembro de 2005

Um manifesto eleitoral que não podemos deixar de apoiar


Produtividade, poluição, trânsito e transportes públicos



Devo confessar que fico fora de mim quando demoro, devido ao trânsito, 1 hora a fazer um percurso que deveria demorar 5 ou, vá lá, 10 minutos. Foi isso que hoje me aconteceu, ao ir buscar a miúdagem à escola.

Fala-se em aumentos de produtividade no país, quando esta é uma área óbvia de investimento. Pessoas inteligentes e produtivas demoram todos os dias horas a chegar ao trabalho e a regressar a casa. Quanto custa ao país, à competitividade nacional, o trânsito no IC-19? Na Ponte 25 de Abril? Na segunda circular?

A solução óbvia, a solução única, passará pela melhoria dos transportes públicos. Estes já melhoraram em termos de material circulante (novos autocarros, novas estações de Metro) mas não noutra componente fundamental do serviço, a frequência. Também o fenómeno "lata de sardinhas", nas horas de ponta, continua a ser motivo de preocupação.

Percebo que seja um investimento desinteressante o reforço de linhas que não têm muitos passageiros, ainda que acredite que o reforço das linhas, por si só, pode atrair novos passageiros e tirar carros da cidade. Ainda que seja pouco interessante como investimento a curto/médio prazo, penso que pode, no longo prazo, mudar toda a configuração da cidade, reduzindo substancialmente o caos do trânsito.

Por esta razão, a bem da produtividade e do ambiente, e contrariamente ao meu estilo razoavelmente liberal, não daria por mal empregue o meu dinheiro de contribuinte para patrocinar o reforço de linhas de autocarros e quiçá de Metro, como forma de criar uma rede de transportes públicos tão boa, tão boa, que até dá vontade de usar.

28 de novembro de 2005

O protocolo de Kyoto



Interessado na ecologia, mas também na economia, li recentemente um vasto artigo sobre o protocolo de Kyoto (Nota: passou talvez um ano, pelo que este meu post deve ser validado contra o texto do acordo, propriamente dito). Nele se falava entre outros aspectos da cedência de créditos, dos países que não estão obrigados ao seu cumprimento (Índia, China) e dos países que não subscreveram o acordo (EUA, Austrália e outros).
No Canadá, 180 países reunem-se para decidir de que modo vão acelerar a perda de competitividade de regiões económicas como a Europa para outras regiões, como o BRIC (Brasil, Rússia, Índia a China).
Os EUA, mais pragmáticos e porventura mais objectivos, não assinaram o protocolo, não porque queiram dar cabo da camada de Ozono mas porque se recusam a criar mais uma desvantagem competitiva face, nomeadamente, à China (que está dispensada do seu cumprimento durante 10 anos, do que me recordo, por força de um qualquer indicador como o PIB per capita).
A burra Europa, digo, a boa Europa, no seu estilo maternal face ao resto do mundo, fixou, para si e para os seus, critérios mais exigentes do que todos os restantes países.
A permuta de créditos de Carbono (acho que é o nome) é uma forma de transferir dinheiro para países do Terceiro Mundo já que estes, não tendo indústria desenvolvida, não excederão as respectivas quotas.
    Como pode a Europa manter-se competitiva e sobreviver, quando:
  • os seus trabalhadores ganham mais do que os outros,

  • exigem/reivindicam mais do que os outros (ao contrário de países onde a escravatura ou quasi-escravatura é a forma habitual de relação patrão-empregado)

  • além disso, a produção (aliás, a sua poluição) é penalizada por transferências por conta do protocolo de Kyoto, acima de todas as que foram fixadas para outros países


Vejo como grande mérito do protocolo de Kyoto o incentivo ao desenvolvimento de tecnologias alternativas, renováveis. Ao nível da implementação, parece-me que a boa da Europa, no seu pior estilo, baixou a cueca. Pior ainda, fê-lo sem dar sequer por isso!

21 de novembro de 2005

Frio nos miolos

O meu artigo a criticar Cavaco Silva mereceu uma cuidada resposta, no Nevsky Prospekt, por parte do jts. No seu estilo de homem íntegro e emotivo, respondeu a quente (o que deve ser difícil, considerando o local onde se encontra).

  • Quanto às autárquicas, estamos a falar de candidatos constituídos arguidos, sobre os quais não recai ainda, que eu saiba, acusação. Só depois da acusação pode haver julgamento, só depois pode haver defesa, só depois pode haver condenação (ou absolvição). Parece-me a mim, que pouco ou nada percebo de leis, que a presunção da inocência é um dos pilares do sistema jurídico.

  • Sobre estes ex-candidatos, actuais autarcas, recai a suspeita (não provada) de se terem aproveitado de dinheiros da autarquia, logo, dos contribuintes. A minha desilusão com a política leva-me a suspeitar que uma apurada investigação numa qualquer câmara do país identificaria sempre algum tipo de prática situada entre o menos correcto e o ilícito.

  • Logo, não tenho razões para acreditar que se candidata contra os "bandidos" não seja também bandido. Estatisticamente, suponho mesmo que o seja.

  • Estamos a comparar competência objectiva (mais ou menos) com honestidade subjectiva. Digo isto porque ninguém discute a competência de Isaltino, que eu saiba (basta ver a campanha dos outros dois candidatos), só a sua honestidade. Logo, temos a CERTEZA de competência contra a SUSPEITA de desonestidade. Isto é como comparar uma tartaruga com um caracol! :-)

  • Ao contrário do jts, não sei o que levou as pessoas a decidir. Pode ter sido uma avaliação do passado, pode ter sido a expectativa quanto ao futuro. Ou pode ter sido outro critério qualquer.

  • O argumento quanto às presidenciais é válido. De facto, em coerência, eu devia apoiar Cavaco, considerando-o o mal menor. Tal como jts devia votar em branco, considerando que está farto de votar no mal menor, ie, de votar por exclusão de partes. A razão pela qual tanto me custa é que, sendo eu um habitual apoiante do PSD, ainda que não seja nem nunca tenha sido filiado, sempre tive Cavaco Silva e outros "grandes" do partido na mais alta conta. Durante o brevíssimo estágio de Santana Lopes, só Marques Mendes mostrou ser um homem de grande estatura, ao defrontar e confrontar aberta e publicamente Santana Lopes, em congresso. O meu não-apoio a Cavaco Silva é pois fruto da desilusão quanto ao seu comportamento, para mim inaceitável, nos últimos 2 anos.

  • Quanto ao tipo de PR que Portugal precisa, não sei, mas sei que tipo de PR a constituição prevê: Promulgação de leis, passeios pelos PALOP, fiscalização da constitucionalidade de diplomas, passeios de tartaruga nas Seychelles (levando um avião cheio com o seu séquito), bocas nos meios de comunicação social. Enfim, o costume.

  • Quanto aos fait-divers e ao acessório, não são importantes em si. Podem sê-lo, enquanto sinais exteriores demonstrativos de estados de espírito, carácter, seriedade, etc

  • Quanto a quem vai ganhar, não me parece que as coisas estejam fechadas. Parece-me, isso sim, que Cavaco ou ganha na primeira volta ou perde na segunda. A haver segunda volta, espero que seja contra Manuel João Vieira mas, a não ser possível, este laranginha por tradição também aceitará apoiar Manuel Alegre. Quanto a Cavaco... Só mesmo Soares me levará a votar nele.


    Dizia alguém, e eu concordo, que estas eleições são o melhor argumento pró-monarquia que surgiu nos últimos 30 anos.


Candidato levado ao colo


Ouvi hoje na rádio que Sampaio esteve em presidência aberta subordinada ao tema "Envelhecer activo". Lá dizia o candidato Alegre, há candidatos que estão a ser levados ao colo. E eu diria, como Santana Lopes terá alegadamente dito, que prefiro outros colos.

Olhar infantil
A Carolina, com toda a sabedoria que os seus quatro anos e meio encerram, diz que canta melhor que o irmão (de ano e meio), porque tem uma voz mais magrinha.

Presidenciais 2006


Porque ninguém quer ter um palhaço como presidente, apoio:

18 de novembro de 2005

Políticos baratos ou Palhaços caros?

Há muito tempo que defendo que, para assegurar a qualidade da classe política, os políticos com responsabilidade efectiva (ministros, deputados, presidentes de câmara, etc) deviam ser pagos a preços de mercado, em função do respectivo custo de oportunidade.

Talvez António Carrapatoso aceite um dia ser Ministro do Trabalho ou da Educação. Ora, para o fazer, terá necessariamente aceitar uma redução brutal no seu rendimento. Logo, há um forte incentivo para que os maus políticos afastem os bons políticos, já que os primeiros não têm grandes oportunidades de trabalhar numa economia aberta, concorrencial e competitiva, pelo que o salário de ministro para eles é aceitável.

Curiosamente, o grande homem de estado que apresentou esta teoria num timing perfeitamente casual, pretende agora substituir um mau político. Será que pela primeira vez se enganou? Será que na opinião de Cavaco, vai haver um "bom político" a expulsar um "mau político"? Fica a questão.

Ora dizia eu que sempre achei razoável que quem gere um orçamento de milhões de euros dos contribuintes tenha uma remuneração minimamente comparável a quem gere milhões de euros de accionistas. Ontem, esta minha convicção foi abalada, ao ouvir a parte final da troca de atuardas entre o Ministro das Finanças e um deputado do PCP, sobre a doçura das amêndoas que um iria oferecer ao outro. Ou sobre se o pão de ló que o outro iria oferecer ao um era "daqueles húmidos, que são os que eu gosto mais". Fiquei a pensar se aqueles dois senhores serão políticos razoavelmente mal pagos ou se, pelo contrário, serão palhaços razoavelmente bem pagos.

Quanto aos deputados do Partido Comunista, a verdade é que sinto por eles a nostalgia que sinto pelos animais em vias de extinção. E ninguém os leva (muito) a sério.

Já um ministro das finanças que não se dá ao respeito, e que brinca e se diverte com este tipo de baboseiras, devia ir comer pão de ló pago por alguém que não o desgraçado do contribuinte. O orçamento de estado, pelos vistos, não é um tema difícil da governação, mas um pretexto para fazer apostas. Infelizmente, estes são os temas que não preocupam Jorge Sampaio, que tão activo tem andado no seu último fôlego.

17 de novembro de 2005

Presidende Jurássico

Vou tentar escrever este post no maior respeito pelo preceito que diz que não é bonito gozar com os velhinhos. De resto, a lei prevê uma idade mínima para ser Presidente da República, mas não prevê uma idade máxima. Cada país tem o presidente que merece.

Quanto a Soares, não é segredo: ele é o seu próprio pior inimigo.
"Everyone is entitled to be stupid, but man, you're abusing that privilege."

Um candidato que diz que apresenta o seu boletim de saúde se os outros o fizerem, e que refere constantemente que está de boa saúde, faz-me lembrar o treinador Peseiro quando dizia que "ainda tinha espaço de manobra", "ainda tinha crédito". Quem discute se tem crédito ou espaço de manobra para trabalhar, é porque já não os tem. Quem pretende uma apresentação pública de boletins de saúde, do tipo "eu mostro o meu, se tu mostrares o teu", está gagá.

Admito que parte disto possa ser inveja, pois não sei se viverei até aos 80 anos, ainda por mais mantendo a próstata em bom funcionamento (ainda que com muito cheiro a queimado vindo dos fusíveis).

A campanha de Cavaco começou, como é sabido, muito antes da de Soares (só este último parece não ver isso). Cavaco tem seguido o conselho de Napoleão Bonaparte: "Never interrupt your enemy when he is making a mistake."

A campanha presidencial de Cavaco começou no dia em que disse, pela primeira vez, que não fazia comentários sobre as presidenciais. Mas o verdadeiro arranque verificou-se quando aproveitou as legislativas que Sampaio ofereceu ao PS, como todos perceberam, mas que também ofereceu a Cavaco.

Qual era o cenário mais vantajoso para Cavaco, o candidato a presidente? Evidentemente, ter um governo de esquerda, não de direita. Evidentemente, ter um governo em início de mandato, quando as medidas difíceis são aplicadas, e não um governo em fim de mandato, quando o apelo à eleição seguinte manda afrouxar o cinto. Um governo de esquerda e com maioria absoluta? Isso seria bom de mais para ser verdade.

O que é que se passou? Alguns artigos cirúrgicos publicados, apertando o espaço de manobra de Santana Lopes, ainda antes das legislativas. Depois, aquilo a que alguém chamou "Um silêncio ensurdecedor", quebrado apenas para manifestar a sua revolta sobre a inclusão das sua foto num cartaz do PSD, com o argumento de que isso prejudicava a sua carreira académica. Argumento tão fraquinho, que é de facto ofensivo. Ou haverá quem, na Universidade Católica, desconheça que ele foi Primeiro-Ministro durante 10 anos? E que foi militante e secretário-geral do PSD? Cá por mim, penso que Santana Lopes devia ter mantido o cartaz. Quem lá estava, estava por ser ex-dirigente do PSD, e independentemente da sua ambição futura.

A melhor razão, talvez a única razão, para votar Cavaco é evidentemente o medo, o pânico, de ter Soareossauro como Presidente.

Cá por mim, que sempre votei na direita, parece-me claro que não vou votar em Cavaco, e seguramente que não vou votar no Soareossauro.

A minha primeira escolha é Manuel João Vieira:
http://www.vieira2006.com/

Em alternativa, talvez acabe por votar no Candidato Alegre. Parece-me o mais merecedor do meu voto.

Dedico por fim aos vários candidatos presidenciais o seguinte trecho:

There's a passage I got memorized, seems appropriate for this situation: Ezekiel 25:17.
"The path of the righteous man is beset on all sides by the inequities of the selfish and the tyranny of evil men.
Blessed is he who, in the name of charity and good will, shepherds the weak through the valley of darkness, for he is truly his brother's keeper and the finder of lost children.
And I will strike down upon thee with great vengeance and furious anger those who attempt to poison and destroy my brothers.
And you will know my name is the Lord when I lay my vengeance upon you."

18 de outubro de 2005

Há hoje poucos programas de televisão que considero melhores do que o "Fiel ou Infiel", da TVI (devo confessar que não consegui ainda ver mais de 60 segundos do "Quartel dos famosos freaks").

O Prós e Contras, por vezes, consegue sê-lo. Foi-o aquando do debate sobre os medicamentos genéricos, em que uma vez mais se viu como os interesses dos farmacêuticos são contrários aos da chamada sociedade civil (com grandes culpas para o estado, que se pôs (em bom rigor, que NOS pôs a nós) mais a jeito do que os Sodomitas. Mas divago...

Ontem, num debate sobre o Orçamento do Estado para 2006, lá estava um sindicalista com a famosa K7, a falar sobre direitos adquiridos e companhia.

Foi interessante ver como, quando César das Neves lhe disse que os sindicalistas tinham prestado um péssimo serviço, ao permitirem admissões em massa à Função Pública, durante o Guterrismo, contribuindo para a actual impossibilidade de ter aumentos na função pública, pelo exagerado quadro, o pobre coitado ficou sem saber o que dizer (acabando por se refugiar em acusações genéricas de "são sempre os trabalhadores quem paga a factura", etc).

É cada vez mais um discurso que faz lembrar Mourinho nos seus tempos do Porto: ninguém o percebia. A diferença é que Mourinho conseguia resultados, para grande tristeza do lagarto que (sobre)vive em mim.

Parece cada vez mais evidente que está na altura de um sindicalismo inteligente, esclarecido e responsável. De um sindicalismo que não queira apenas resolver os problemas deste ano agravando os problemas dos anos que vêm. Isto é, de um sindicalismo diferente do que temos hoje, baseado em chavões que leio nas paredes desde que sei ler: "Emprego sim, miséria não", "Aumentos sim, esmolas não" e outras pérolas do tipo.

Onde estava Wally, digo, Sampaio, aquando do negócio das SCUT? E onde está ele para evitar esses dois crimes, a OTA e o TGV? Porque razão se indigna esse nosso amigo com o crédito automóvel dos bancos para os particulares, e não com o crédito rodoviário do lobby do betão aos governos populistas?

Por vezes, mas só por vezes, fico na dúvida se não teremos por cá um excesso de OTArios... ou TGVários...

Volta, Afonso Henriques. Tudo está perdoado.

14 de outubro de 2005

Vida, Défice, Sampaio


Simples silogismo aristotélico:

Se "Há vida para além do Défice" (Sampaio)
e, é a vida, haverá "Défice para além de Sampaio", então:

Há vida para além de Sampaio. E eu estou com défice de paciência de esperar.

11 de outubro de 2005

Santa Bárbara lhe valha


Domingo foi noite de trovoada para Carrilho; valha-lhe Santa Bárbara.

Genius illuminatus


Eis que um artigo que acabo de ler, de António Borges, me leva de novo à escrita.

Concretizou-se a minha principal projecção relativa às autárquicas: os comentadores que opinam sobre a maturidade política do povo em geral, mas com sinais de clara imaturidade aqui (Oeiras) e ali (Felgueiras) e acolá (Gondomar).

Cito António Borges: "(...) Não só estes candidatos venceram, serviram-se também das suas vitórias para atacarem a democracia portuguesa (...) Não se pode culpar só os eleitores(...)".

Não se pode culpar os eleitores, donde, pode-se/deve-se culpar (sobretudo?) os eleitores. Parece que a culpa anda à solta, mas felizmente é um mal que só acontece aos outros, conforme se deduz pelo artigo de opinião deste verdadeiro génio iluminado. Imagino que o discurso pudesse ser algo alterado, caso fosse o Dr. António Borges a ser alvo de uma infame e caluniosa acusação de uma qualquer índole.

Se a moda pega, a um ano das próximas eleições alguém lançará suspeitas de qualquer índole sobre Rui Rio, Moita Flores, Fernando Seara, Carmona Rodrigues, Alberto João Jardim e outros. Enquanto se espera que a Justiça actue, o PSD decide não os apoiar. Fará isto algum sentido? Não creio.

Acho que está na hora de alguém tirar a venda dos olhos à Justiça, e colocá-la na boca de certos comentadores. Como eu, talvez! :-)

Quero começar por referir que, na minha ignorância sobre leis, começaria por distinguir o caso do Dr. Avelino Ferreira Torres, pelo facto de este ter já sido condenado (terá recorrido da sentença, pelo que poderá ainda vir a ser ilibado por um tribunal de instância superior). Ainda assim, uma condenação por um tribunal parece-me mais "impressionante" do que uma acusação (ou o mero facto de se ter sido constituído arguido, situação em que nem sequer existe uma acusação formalizada).

Já no caso da Dra Fátima Felgueiras, para mim não está em causa o ter fugido durante dois anos a uma medida de coacção. Simplesmente, sou demasiado invejoso para respeitar alguém que passou dois anos no Rio de Janeiro, na boa vida, e de lá voltou com aquele glorioso bronzeado. Só de olhar, fico azul. Não há saco!

Assim, os meus comentários reportam-se a Oeiras e Gondomar. Em ambos os casos, temos dois arguidos que nem tão pouco estão acusados. E no caso de Gondomar o processo tão pouco terá a ver com a vida autárquica, mas com a sua estada à frente do Boavista.

Contraditoriamente, vários candidatos menos mediáticos foram apoiados pelo partido, não obstante sobre eles recairem acusações ou suspeições, nalguns casos de ilícitos que teriam sido praticados no âmbito das suas funções enquanto autarcas.

Parece-me pois que há um juizo à partida sobre quem é merecedor e quem não é merecedor, o que me parece totalmente inaceitável.

Cá por mim, no meu ingénuo entendimento sobre as leis, ser-se inocente até prova em contrário, ou ter-se a presunção da inocência, deveria significar que se mantêm intocados, ou perto disso, os direitos de cidadania. A alternativa é ter um sistema judicial que julgue em tempo útil, o que parece não ser o caso. Ninguém deve ser obrigado a esperar, de braços cruzados, por uma justiça que demora anos a produzir uma acusação. Ou não demora tanto tempo, ou não se obriga o cidadão a esperar de braços cruzados.

Democracia significa Governo do povo. Logo, por definição, quem diz que o povo se enganou não tem espírito democrático. Nalguns casos terá também mau perder.

9 de outubro de 2005

Sabedoria popular e falta de cultura democrática

Durante muitos anos, habituámo-nos a ouvir comentadores e políticos, comentando resultados de eleições, falar na sabedoria popular, e em coisas tão extraordinárias como que "o povo deu-me maioria para governar, mas não me deu maioria absoluta, para me indicar que deveria dialogar com as outras forças políticas". Ora eu lembro-me bem de ter votado nessas eleições, e afianço-vos que apenas se podia votar num partido, não sendo possível indicar coisas tão extraordinárias como a atrás mencionada.

Existe pois uma álgebra político-eleitoral que, apimentada com uma certa dose de semântica, determina que a soma de todas as cruzes colocadas nos boletins pode ser lida do modo que se quiser. É pois perfeitamente válido para muitos políticos e comentadores que existe uma espécie de "sabedoria colectiva", que por acaso corresponde à soma dos votos de cada indivíduo. A última vez que observei tal tipo de sabedoria colectiva foi naqueles bonequitos verdes com três olhos do Toy Story.

A visão é de um povo (somatório de pessoas individuais) que raramente tem dúvidas e que nunca se engana, apesar de cada uma das pessoas que dele fazem parte ter dúvidas sistemáticas e viver enganado (basta ver que o SLB tem 8 milhões de adeptos).

Agora, com os autarcas-bandidos, a coisa é muito engraçada. De repende, comentadores e políticos descobriram que afinal, o povo não é soberano, não sabe o que quer e também se engana.

Enquanto o "povo" votava de um modo perfeitamente previsível, mais alternância ou menos maioria, tinha razão. De repente, perdeu-a. Acontece.

Cá por mim, penso que seria mais sério fazer uma leitura despida de preconceitos. Talvez porque sou ingénuo, gostaria de pensar que se é de facto inocente até ser condenado por uma sentença transitada em julgado, ie, inapelável. Assim, bandidos são os que foram condenados, não os que estão acusados. Prefiro viver num país em que se é inocente até prova em contrário, e não num país em que se é culpado até prova em contrário. Acusar alguém não custa, e o que não custa tem pouco valor.

Mas dando de barato que os ditos senhores e senhora roubaram, pilharam, chantagearam, branquearam (ou azularam), tudo a coberto de um mandado popular...

Porque é que o mesmo povo que os elegeu se propõe agora apostar no(s) mesmo(s) cavalo(s)? Cá por mim, que por acaso não voto nem em Oeiras, nem em Gondomar, nem em Amarante e nem em Felgueiras, a coisa é explicável de uma forma simples: "dos males, o menor".

Entre um político "bandido" e um político incompetente, a maioria das pessoas prefere o "bandido", por ser um mal menor. Cá para mim, estas eleições mostrarão não a ignorância de um povo, mas o desespero de um povo.

Diz-se agora que votar nestes candidatos é um sinal do fracasso de 30 anos de democracia. Fracasso é só um em cada três eleitores votarem de facto. No momento do voto, o eleitor não indica se quer que A, B ou C tenha maiorias absolutas, ou se quer que D seja o maior partido da oposição. Pode no entanto votar em branco, nulo ou em qualquer outro candidato. Estas são as regras da democracia. Regras estas que pelos vistos incomodam comentadores e políticos, que de repente descobriram que o povo tem pouca cultura democrática. Falta de cultura democrática é não aceitar a vontade do povo, conforme comentadores e políticos agora querem fazer.

Uma citação atribuída a Sir Winston Churchill, para terminar:
It is a fine thing to be honest, but it is also very important to be right.

5 de outubro de 2005

Abéculas, aves raras e outras espécies endémicas

Este site é dedicado a todas as abéculas, aves raras e espécies endémicas do nosso Portugal, sem discriminação de côr, raça, religião, convicções (políticas, religiosas, clubísticas ou artísticas). Há no entanto uma evidente discriminação em relação a quem não fale Português.